Não governa, golpeia

A cada dia mais evidente a tendência a ver frustrada sua intenção de se reeleger, procura por todos os meios negar a lisura do pleito a acontecer em outubro

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Parece até escusado insistir no que a cada instante é mais evidente: a absoluta predileção do presidente da República pela geração de atritos institucionais em detrimento de suas responsabilidades de governante.

Mas é preciso denunciar continuadamente isto.  

Para que o golpismo não passe, absurdamente, a fazer parte da paisagem.

Não pode ser visto com naturalidade, algo compatível com a ordem constitucional. Sob pena de permitirmos a reedição da ditadura. 

A expressão disso a essa altura é nítida: a cada dia mais evidente a tendência a ver frustrada sua intenção de se reeleger, procura por todos os meios negar a lisura do pleito a acontecer em outubro. 

Fosse um torneio de futebol de várzea, estaria claro para todos os contendores: ele quer “melar” a competição porque sabe que vai perder e não aceita voltar para casa derrotado. 

A jogada do momento é provocar um processo, por suposto abuso de poder, contra o ministro do STF Alexandre Moraes — justamente o próximo presidente do TSE que presidirá o pleito. 

A denúncia não foi aceita pelo STF e Bolsonaro tenta agora o processo através da Procuradoria Geral da República. 

Manobra que lhe possibilite adiante arguir a suspeição de Alexandre Moraes à testa do Tribunal Superior Eleitoral. E, por extensão, reforçar a “evidência” de que o resultado das urnas não deva ser validado. 

E basta uma olhada rápida sobre a agenda do presidente para constatar essa obviedade: ele pouco governa, golpeia.  

Tentativa mal engendrada de repetir aqui o que tentou o derrotado ex-presidente Donald Trump nos EUA. 

O que recomenda às oposições combinarem uma dupla articulação: a busca das alianças partidárias e sociais que lhes reforcem; e a ampla convergência na resistência ao golpe. 

É possível? Tem que ser.  

Principalmente da parte da larga coligação que se forma em torno da candidatura de Lula, segundo as pesquisas com maior chance de sucesso.

Infelizmente é isso: no início da terceira década do século XXI, no Brasil será preciso “ganhar — e levar”. 

Com muita luta.

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