Ninguém me contou, eu vi

Em plena São Bento, templo do hip-hop, eu vi um dos maiores desrespeitos que o hip-hop passou nos últimos anos.

Começou para não dar certo.

Sábado, noite, combinei com minha namorada para ir a Virada Cultural em São Paulo, ela ficou gripada, resolvi sair com um amigo meu, estamos indo pra São Paulo e o pneu do carro estoura na Anhanguera. Depois fui trocar o pneu e a chave pra trocar num funcionou, pois troquei a roda original do meu carro por uma aro 15, a chave-de-roda não serve. Eu e meu mano ficamos no frio, no meio da pista, quase duas horas, esperando socorro com uma chave-de-roca-certa. Depois se viramos e trocamos o pneu.

Cheguei na Praça da Sé, peguei o final do show do Cordel do Fogo Encantado, assisti o show do F.U.R.T.O, banda do ex vocalista do Rappa. Show lotado, maior galera legal, o Marcelo Yuka deu umas idéias fortes na massa  presente.  Aí andei um pouco, passei numa rave cabulosa, tinha umas 3 mil pessoas dançando hard-tecno, maior energia.

Dei mais um role e encontrei uma tenda de reagge, tinha um monte de DJ´s, maior som batendo, vários rastas e a galera fumando um beck em massa. Continuei minha caminhada, pensei, fui em várias fitas, mas até agora nada de rap, nada de hip-hop.

Mas que nada, passando em frente a São Bento, lá estavam os manos, quase uns mil.

DJ King mandando no som, mas quando cheguei empolgado, para minha surpresa, o que eu vejo, maior constrangimento, pois o som estava muito ruim. Juro, a caixa de som que tinha parecia de aparelhos que você tem na sua casa, parecia estes som que as Casas Bahia anunciam, num tinha potencia.

Meu, os caras do DMN, meteram o pau, mas só não descerem do palco em consideração a rapaziada presente, segundo eles mesmo fizeram questão de frisar.

Participaram do show deles o Ti Flesh do SP Funk, De Conceito e quando estava lá, o Thaíde foi chamado ao palco também, pois lembrando aquele é um local “sagrado” para o hip-hop, pois na estação São Bento começou tudo, em São Paulo, diga-se de passagem. A apresentação estava bem representada por Nino Brown, gostei também quando o DMN demonstrando uma maturidade musical, fez algo incomum para o rap, eles cantaram Racistas Otários do Racionais e um Bom Lugar em homenagem ao Sabotagem. Isto no rap é meio incomum, mas no rock sempre um artista homenageando outro no repertório.

O DMN fez um show que trouxe muita energia e deixou a massa presente bem agitada. Mesmo o som estando uma porcaria, eles agradeceram aos técnicos de som que foram mandados ao local, pois eles num tinham nada a ver com o som que eles operavam.

O estranho para mim foi o seguinte: Ver o hip-hop e seus ícones serem tão desrespeitados em seu templo. Nunca imaginei ver isto, em todos os outros palcos que passei tinha até som sobrando, como na tenda dos rastafaris, – que eram só Dj´s tocando reagge e tinha um som com muita qualidade. Vi os shows do Tribo de Jah, Cordel do fogo Encantado, Trio Mocotó, vi uma Rave e num faltou som. Mas uma vez fomos tirados e voltei a lembrar da histórica música do Facção Central “Artistas ou não”, e logo eu que achei que as coisas tinham melhorado pro nosso lado.

Mas apesar disto a balada foi boa, saí de lá quase umas 6 da manhã, espero que na próxima virada, os  organizadores da Virada Cultural,  que é uma idéia legal, não encarem o rap como “submúsica” e pelo menos, se nos deram espaço, coloquem um som descente para vermos os irmãos desenvolverem sua arte.

Termino com o relato do meu mano Max, que estava comigo vendo a cena:

– Pois bem, falando dos momentos mais importantes do evento,acho que o pessoal do rap fez muito com tão pouco recurso e, na minha opinião, o pico de emoção da balada foi ver vários manos envolvidos no mesmo palco dando um verdadeiro show de irmandade  e de grandes levadas deixando a rapaziada em choque!

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