Nitidez de classe e amplitude política para unir o Brasil e resistir

Olá, querida leitora e preclaro leitor. Antes que certas vozes pra lá de manjadas me venham com categorias estranhas de análise, digo logo que o “unir o Brasil” do título exclui de saída a oligarquia financeira e o latifúndio escravista que se associaram ao Imperialismo para dar o golpe contra Dilma, prender Lula e levar o País a eleger o ‘fantoche-de-Trump’ Bolsonaro. Fora esses, todo o resto é Brasil. 

Já entro logo com esse rabo de arraia pra limpar terreno. Nossa ideia aqui é discorrer sobre os caminhos de juntar o maior número de gente e de forças políticas e sociais para defender a independência nacional, nossa economia, a liberdade e os direitos do povo, neste novo ciclo que se abre e se mostra pra lá de adverso ao nosso progresso como nação e aos trabalhadores como classe.

A tarefa que já se impusera a todos os combatentes da causa nacional era, no primeiro turno das eleições passadas, construir uma ampla frente em torno de tópicos que sinalizassem passos adiante do que já realizaram as forças que governaram o País por quase duas décadas e meia. O Partido Comunista do Brasil lançou-se numa cruzada para viabilizar essa frente, mas enfrentou a muralha do hegemonismo petista e a incompreensão das demais forças à esquerda do espectro político. Acabou por resignar-se a uma coligação estreita, ancorada numa tática que não era de sua lavra, e tão arriscada, quanto sumamente duvidosa. O resultado aí está. Balanços, espera-se que se façam. Há muita lição a tirar.

Presentemente, diante da vitória decisiva das forças golpistas, que logrou eleger um ditador entreguista e ultraliberal (o cara é mesmo um saco de paradoxos), a tarefa de ampla união de forças democráticas e nacionais ganha ainda maior centralidade e urgência. Unir o Brasil significa, pois, unir todos aqueles que tenham alguma contradição com o que está em curso; todos os que possam perder ou que já estejam a perder; todos os que possam ganhar com outro rumo para a Nação.

Definir esse outro rumo como forma de promover a união necessária implica, para os comunistas, ter nitidez de classe e postura política ampla.

Nitidez da identidade de classe dos trabalhadores e de seu partido, o Partido Comunista, nada tem a ver com estreiteza e sectarismo. É do interesse direto dos trabalhadores a construção de uma ampla frente de forças capaz de fazer frente ao rolo compressor, que já está em movimento desde o Golpe de 2016 e que ganhará ímpeto a partir da posse do fascista eleito. Nitidez classista relaciona-se com o fato de que setores médios e seus representantes na arena política demonstram limites na condução de amplas coalisões e vacilo na defesa dos interesses mais sentidos dos que vivem de salário. Tem a ver, por outro lado, com a missão do legítimo representante do Trabalho e com a necessidade, para o êxito da união de forças e de sua luta contra o que está em curso, de seu fortalecimento como instrumento da transformação social.

Nitidez de classe e amplitude politica são faces de uma mesma moeda. Uma não existe a contento sem a outra. Nitidez na defesa da feição de classe da luta nacional é construir uma frente ampla, de grande união de forças nacionais, defensora de liberdades e de direitos, e não uma frente de esquerda, pequena, precária, isolada. Amplitude política é colocar, no centro da construção de uma plataforma em defesa da Nação e de sua democracia, o trabalho e a produção.

A Bancada de deputados federais do PCdoB deu o pontapé inicial: formou com o PSB e o PDT um bloco com 69 deputados que dará o que falar em 2019. Por outro lado, nossos deputados já infligem, ainda nesta legislatura, derrotas ao consórcio golpista, atuando, articulados em alianças inteligentes com outras forças, em cima de pautas concretas de interesse do País e dos trabalhadores.

Cada combatente do povo, em cada frente ou setor, em cada território que atue, deve seguir o exemplo e buscar unir o máximo de gente e forças em torno de bandeiras e objetivos concretos, por mais específicos que sejam, e fazer o possível para ligá-los às grandes questões nacionais e às reivindicações estratégicas dos trabalhadores. Na esteira deste esforço, ninguém deve descurar de firmar o PCdoB como referência da resistência nacional e liderança dos trabalhadores.
– …
Como?…
– …
Dá, dá tempo de um café, sim, camarada. Bóra ali.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor