Nós mulheres e o começo das coisas

O grau de desenvolvimento ou as condições geopolíticas, comerciais ou militares, que dentre as primeiras civilizações encontramos referências de que o status da mulher variou entre semi-divindade, propriedade e reprodutora de força de trabalho, trabalhadora (não assalariada), além do compartilhamento já habitual, desde este tempo, da prestação dos serviços sexuais.

Estas formas de relação entre homens e mulheres variavam conforme a assimetria das relações de poder, determinavam o tipo de sociedade desenvolvida e as relações entre os habitantes destas sociedades com o que eles reconheciam como mundo. Entre os quesitos para classificar as condições de vida da mulher nestas sociedades, podemos usar como indicativos o direito à vida (em caso de litígios com pai ou marido), a guarda de filhos em caso de viuvez, à escrita, à religião, à propriedade (raramente reconhecido), e, mais raro ainda, à política.

De forma que, nas sociedades ditas primitivas, enquanto não eram estabelecidos elementos formais e consistentes de dominação do homem pelo homem, podemos dizer que a mulher podia ainda gozar de relativa autonomia.  Ao desenvolver-se, porém, formas de dominação, escravidão, servidão, o primeiro destes movimentos é realizado dentro da estrutura familiar, do homem em relação à mulher e a prole, num movimento crescente de repasse da submissão.

Apesar da divisão social das sociedades mais antigas não seguirem o padrão do que hoje determinamos sociedades de classes, é certo que as divisões de tarefas não eram as mesmas entre mulheres abastadas, que contavam com escravos ou preceptores para auxiliar na educação de seus filhos, e as outras, que eram mulheres do povo e, como já conhecemos bem a história, tinham as sucessivas jornadas de trabalho para dar conta. Mas também é provável que, tanto quanto a burguesa hoje conta com toda a parafernália eletrônica, além dos serviços domésticos de outras mulheres para atenuar sua exposição à dupla jornada, e mesmo assim, apesar de ver, ou diminuída, ou suprimida sua discriminação enquanto classe, dificilmente escapará de sofrer seu quinhão de preconceito e violência enquanto gênero.

Portanto, não é de hoje que camponesas e rainhas são discriminadas enquanto mulheres, mas sem dúvida, camponesas tem uma jornada de trabalho bem mais pesada que a da rainha, sofre mais opressão, mais riscos, menos acesso a bens, etc. Nada que tenha mudado muito nestes últimos milênios…

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