Notícias da Palestina e do Iraque

Nestes últimos quatro anos desta coluna no Portal Vermelho dividi-me em comentar, basicamente, fatos ocorridos na Palestina e no Iraque, hoje ainda ocupado pelas tropas anglo-americanas. Em certas semanas tive que fazer uma escolha de “Sofi

Os últimos dias foram muito ricos em informações e acontecimentos envolvendo a Palestina e o Iraque. Na Palestina, segue a disputa entre o hamas e a Fatah, com a iniciativa do presidente Mahmoud Abbas de ter convocado um referendo para o próximo dia 26 de julho e os mais recentes ataques de Israel na faixa de Gaza. No Iraque, além da morte do líder do grupo Al Qaeda, Abou Zarqawi, teve também a tal visita surpresa de Bush, chefe do império ao país e ao primeiro ministro Nuri Al Maliki. Comentarei a conjuntura desses dois países.

A disputa pela liderança do povo palestino

Desde a eleição para o parlamento palestino em janeiro, com a vitória do grupo político Hamas (que, em árabe, é uma sigla que significa Movimento de Resistência Islâmica), conflitos vêm ocorrendo em diversas partes do território sob controle da ANP – Autoridade Nacional Palestina, comandada pelo grupo da Al Fatah (fundado por Yasser Arafat) e atualmente presidida por mahmoud Abbas. Especialmente na Faixa de Gaza, onde moram mais de dois milhões de palestinos, onde o Hamas é muito forte, as disputas são visíveis.

        
O Fatah controla as forças de segurança nacionais, responsáveis pela ordem pública, uma espécie de política palestina. Sabendo disso, o Hamas acabou criando a sua própria milícia para controlar a ordem. Conflitos são presenciados quase todos os dias. O poder vem sendo exercido de forma dual, pois as tarefas de governo ficaram com o Hamas e as de Estado com o Fatah.  A crise se agrave pelo corte drástico de verbas e dos apoios aos palestinos que vinham de muitos países. Fundos palestinos foram congelados pelos EUA e pela Europa, quase que asfixiando a administração do hamas. Isso tudo pelo fato que eles não reconhecem em seu programa de governo, a existência do Estado de Israel. 

        
Para sair desse impasse, um grupo de prisioneiros políticos palestinos, sob influência direta do Fatah, elaboraram um documento que tem, resumidamente os seguintes pontos:

·         Prevê a criação do Estado Palestino nos territórios ocupados por Israel, cuja delimitação de fronteiras deve ter como referência o que era antes da Guerra dos Seis Dias de junho de 1967 (A Faixa de Gaza já foi devolvida, restando ainda a Cisjordânia, que tem em 230 assentamentos judaicos mais de 200 mil israelenses morando);

·         Direito de retorno de todos os palestinos que vivem em países árabes da região (são estimados em cerca de quatro milhões);

·         Defendem a formação de um governo de unidade nacional, com a participação de todas as forças políticas vivas do país, especialmente o Fatah de Abbas e o Hamas do primeiro Ministro Ismail Hanieyeh;

·         Criação de um movimento unificado de resistência à ocupação.
Usando os poderes que lhes são conferidos pela constituição palestina, Mahmoud Abbas jogou uma grande cartada nesse momento. Convocou um Referendo para o próximo dia 26 de julho, para que os palestinos digam se são a favor desse plano dos prisioneiros. A pergunta que constará da cédula de votação será: “Você concorda com o documento de conciliação nacional – o documento dos prisioneiros?”

Da parte do Hamas, vem uma acusação de que Abbas esta tentando provocar a queda do governo, pelo fato de ter perdido as eleições de janeiro. O Hamas sabe que a imensa maioria dos palestinos quer uma negociação de paz com Israel e que o Estado Israelense seja reconhecido como tal. O impasse esta posto e muito provavelmente, vencerá a solução proposta de unidade nacional, que implica o reconhecimento de Israel. Isso forçaria o Hamas a reconhecer Israel, sob pena de acabar perdendo apoio popular e novas eleições tenham que ser convocadas. O Hamas sentiu o tranco. Tanto que em audiência para debater o referendo no parlamento palestino, a votação foi adiada por 20 dias, pois, mesmo o Hamas tendo maioria para rejeita-lo, preferiu discutir mais a questão.
      
Israel, de sua parte, assiste de camarote essa briga entre lideranças palestinas. Mas vai para o ataque também. Recentemente, voltou a bombardear cidades na Faixa de Gaza, sob a acusação que palestinos estavam disparando foguetes e mísseis contra Israel a partir de acampamentos de refugiados. Os ataques mataram dezenas de civis palestinos, na sua maioria mulheres e crianças. Isso fez a população se levantar e realizar grandes protestos. O mundo, como sempre, cala-se ante Israel e suas atitudes belicosas, sempre apoiadas explícita ou implicitamente pelos Estados Unidos de George W. Bush.

Para piorar a situação, o Hamas, que estava há 16 meses cumprindo um cessar-fogo unilateral, ou seja, havia deixado de realizar qualquer ataque contra Israel e especialmente alvos civis, declarou suspender o cessar fogo e deve voltar os ataques, que estavam restritos ao Jihad Islâmico e à dissidência do Fatah. As coisas vão ferver novamente na Palestina.

Iraque e Al Qaeda

Todos sabemos que Bush contou várias mentiras para o povo americano e para o mundo – ampliadas pela mídia subserviente – para justificar a sua invasão do Iraque. Uma das maiores talvez seja a que procurava associar Saddam Hussein com a Al Qaeda do Afeganistão e os atentados às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001. Saddam, um sunita, nunca teve relações com Osama Bin Laden, um xiita radical.
        
Na semana passada, foi noticiado com grande pompa pela mídia, que o dito maior terrorista em ação no Iraque, o jordaniano Abou Zarqawi, tinha sido morto em uma emboscada organizada pelas tropas de ocupação, que usaram três aviões de caça e vários tanques de guerra e muitos soldados da infantaria. Sua foto foi mostrada amplamente pela Internet, em quadros que foram exibidos por marines. De fato, Zarqawi era um dos líderes da resistência que atuava na luta pela libertação do Iraque de mãos estrangeiras. Diversos órgãos da grande imprensa, como o Sunday Times e o The Observer, citando camponeses na região onde ele fora preso, noticiaram a possibilidade de que ele tenha sido morto a partir de um grande golpe dado em sua cabeça, após ter sido preso. O próprio exército americano diz que ele sobreviveu aos ataques por cerca de 50 minutos e chegou a ser socorrido com vida.

       Israel, de sua parte, assiste de camarote essa briga entre lideranças palestinas. Mas vai para o ataque também. Recentemente, voltou a bombardear cidades na Faixa de Gaza, sob a acusação que palestinos estavam disparando foguetes e mísseis contra Israel a partir de acampamentos de refugiados. Os ataques mataram dezenas de civis palestinos, na sua maioria mulheres e crianças. Isso fez a população se levantar e realizar grandes protestos. O mundo, como sempre, cala-se ante Israel e suas atitudes belicosas, sempre apoiadas explícita ou implicitamente pelos Estados Unidos de George W. Bush.Para piorar a situação, o Hamas, que estava há 16 meses cumprindo um cessar-fogo unilateral, ou seja, havia deixado de realizar qualquer ataque contra Israel e especialmente alvos civis, declarou suspender o cessar fogo e deve voltar os ataques, que estavam restritos ao Jihad Islâmico e à dissidência do Fatah. As coisas vão ferver novamente na Palestina.Todos sabemos que Bush contou várias mentiras para o povo americano e para o mundo – ampliadas pela mídia subserviente – para justificar a sua invasão do Iraque. Uma das maiores talvez seja a que procurava associar Saddam Hussein com a Al Qaeda do Afeganistão e os atentados às Torres Gêmeas em 11 de setembro de 2001. Saddam, um sunita, nunca teve relações com Osama Bin Laden, um xiita radical.         Na semana passada, foi noticiado com grande pompa pela mídia, que o dito maior terrorista em ação no Iraque, o jordaniano Abou Zarqawi, tinha sido morto em uma emboscada organizada pelas tropas de ocupação, que usaram três aviões de caça e vários tanques de guerra e muitos soldados da infantaria. Sua foto foi mostrada amplamente pela Internet, em quadros que foram exibidos por marines. De fato, Zarqawi era um dos líderes da resistência que atuava na luta pela libertação do Iraque de mãos estrangeiras. Diversos órgãos da grande imprensa, como o Sunday Times e o The Observer, citando camponeses na região onde ele fora preso, noticiaram a possibilidade de que ele tenha sido morto a partir de um grande golpe dado em sua cabeça, após ter sido preso. O próprio exército americano diz que ele sobreviveu aos ataques por cerca de 50 minutos e chegou a ser socorrido com vida.

A sua morte pode ter sido um golpe no agrupamento que ele pertence, mas muitos outros Zarqawis surgirão, pelo simples fato que a resistência não tem um rosto único e um comando único, mas é descentralizada e opera em todo o país. Tanto isso é verdade, que desde a sua morte, os ataques não só não pararam. Como recrudesceram e se intensificaram. Fala-se na imprensa que uma mega operação militar fora montada pelo exército americano de ocupação, envolvendo mais de 40 mil soldados, uma boa parte iraquianos, para realizar uma espécie de varredura em Bagdá.
Foi exatamente nesse cenário que George W. Bush decidiu fazer uma visita surpresa ao Iraque, sem sequer avisar ao “primeiro Ministro” Nuri Al Maliki. Coloco aspas no cargo do primeiro Ministro de forma proposital, pelo fato de que o seu governo não tem autonomia alguma é simplesmente faz o que manda os EUA, portando-se como um mero serviçal. Não é capaz de pedir que as tropas americanas deixem o solo iraquiano, até porque nada manda no país.
Bush armou um cenário surpresa, embarcou na última segunda à noite no seu avião presidencial, o Air Force One (já que já foi até objeto de filme wollyhoodiano com Harrison Ford), acompanhado de 8 a 10 jornalistas de sua confiança, que tiveram que jurar que não diriam nem sequer para suas famílias onde estariam indo e deixaram seus celulares. Viajaram a noite toda e desembarcaram no Iraque na terça. Entre o aeroporto de Bagdá e a embaixada americana, Bush, assessores e jornalistas foram de helicóptero e o presidente usava colete á prova de balas, tamanha a insegurança na região, ainda que a embaixada fique na zona da chamada Linha Verde, amplamente protegida pelos fuzileiros navais.
O “primeiro Ministro” iraquiano foi chamado à embaixada supostamente para participar de uma vídeo-conferência com o presidente Bush que estaria em seu rancho no Texas. Nuri Al Maliki só soube que Bush já estava na embaixada quando entrou na sala de conferência e avistou-se pessoalmente com o presidente americano. Isso é a maior prova de que o Iraque e o “governo” iraquiano não tem autonomia alguma, pois um presidente estrangeiro chega no país, aterriza com um dos maiores aviões em operações no mundo (um Boeing Jumbo 747) e ele não fica sabendo e ninguém lhe informa. E não é um presidente de um país qualquer, mas o presidente da maior potência econômica e militar do planeta.
Não poderíamos deixar de registrar esses dois episódios envolvendo a ocupação iraquiana que já dura três anos e três meses.
As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
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