O criminoso ataque à usina nuclear iraniana

A maior usina que produz energia nuclear no Irã sofreu ataques cibernéticos no dia 11 de abril

Imagem aérea da usina nuclear de Natanz, ao sul de Teerã | Foto: AFP

No último dia 11 de abril, domingo, a maior usina iraniana de produção de energia nuclear, que fica na cidade de Natanz, sofreu um ataque cibernético. Não houve um ataque com mísseis. O que é provável que tenha ocorrido é que hackers israelenses quebraram as barreiras de segurança eletrônica da usina e conseguiram gerar uma pane na central elétrica que fornece energia à usina.

Israel, em passado recente, já fez ataques com mísseis ao Irã e Iraque, a instalações em que eles afirmavam achar que estavam construindo bomba nucleares. Isso nunca correspondeu a uma verdade. Nem o Iraque nem o Irã, jamais tiveram projetos de construção de bomba nuclear. No Oriente Médio, apenas Israel possui bombas atômicas – estimadas em 200 ogivas. E jamais isso foi admitido e jamais Israel sofreu qualquer investigação da Agência Internacional de Energia Atômica.

O que foi esse ataque? Os especialistas o chamam de ataque cibernético. Na Amazon-prime há uma série: “Mister Robot” com três temporadas sobre hackers, que são verdadeiros guerrilheiros cibernéticos, que derrubam grandes corporações, com ataques virtuais. Eles são poderosos. Daqui do Brasil, há o exemplo de Walter Delgatti, de Araraquara, que mudou a história do Brasil.

Ele prestou um grande serviço à democracia, liberdade, para que se chegasse à verdade histórica. Foram mais de sete terabytes de informações sobre mensagens trocadas entre procuradores da operação lava jato e o “juiz” Sérgio Moro, chefe de uma quadrilha que perseguiu politicamente o ex-presidente Lula. Há até um documentário sobre esse hacker, na TV 247, dirigido pelo jornalista Joaquim de Carvalho.

Então, é um hacker do bem. Hoje, governos poderosos contratam serviços de cérebros de informática. Da mesma forma que os EUA contrataram o cientista alemão Werner von Braun [¹] que inventou o foguete V2, depois da 2ª Guerra Mundial. Ele fez o foguete Saturno 5, que equipou a Apolo 11, que levou o ser humano para a Lua. Os governos fazem isto, independentemente de sua ideologia.

Tudo indica que o ataque à usina foi cibernético, que manipulou o sistema de segurança e fez cair a energia da usina. Não houve vítimas nem danos, mas parou de funcionar por algumas horas. Não temos certeza, nem provas de quem fez isto. Mas, temos convicções, porque já fizeram antes, de que foram os sionistas de Israel.

O Irã já apontou o dedo para os sionistas. Não posso apontar o dedo direto para Israel, mas estou com o Irã. Acredito que eles foram os mentores intelectuais dessa operação, que não deixa de ser uma guerrilha de direita. Porque, sabotar uma usina como a da República Islâmica do Irã é fazer o jogo do imperialismo. Israel não disse que foi o responsável, mas também não negou. Quando você não nega, você deixa a dúvida.

Qual foi a resposta do Irã? Pode ser que eles respondam com algum ataque também cibernético, pois hoje não existe nada seguro na internet. Mas, a resposta iraniana se deu de outra forma. Pelo acordo nuclear que o Irã assinou com o P5+1 (países do CS/ONU: Estados Unidos, Rússia, França, Inglaterra e China) e mais a Alemanha, o enriquecimento do seu urânio não poderia passar de 3,65%. Em 2017, após assumir, Trump saiu do acordo. Mas continuou funcionando, pois os demais continuaram.

Agora, existe uma expectativa de que Biden (EUA), volte ao acordo. Estão fazendo uma onda, dizendo que tem que repactuar. O que está fora de cogitação, foram eles que saíram. De outra parte, Israel está fazendo de tudo para que isto não aconteça. A pressão do lobby sionista nos Estados Unidos é muito grande neste sentido. Israel, com seu primeiro Ministro de extrema-direita, tem feito ameaças aos Estados Unidos para que eles não retornem ao acordo nuclear.

Eu, particularmente, já escrevi artigos, capítulos de livro, como este novo livro, intitulado Conflitos Internacionais em um mundo globalizado, onde um dos capítulos é: “O mundo pós Trump”, com cerca de 30 páginas e é o mais importante da parte que eu escrevi [²]. Eu faço uma série de apontamentos de probabilidades, sem afirmar categoricamente. As duas únicas coisas que afirmo, com certeza, que Biden faria – e até já fez –, é voltar para a OMS e voltar para o Acordo do Clima de Paris. Esta probabilidade de voltar ao acordo nuclear, ainda não se confirmou, mas acho irreversível. Tem que votar e suspender as sanções ao Irã. Tem que reconhecer o país, trocar embaixador. Não dá para ficar nesse clima de tensão que hoje o mundo vive.

Estou falando tudo isto para dizer que o acordo nuclear, que foi assinado em 2015 (sob o governo Obama), prevê que o Irã enriqueça o urânio a 3,65%. É pouco, mas é suficiente para a geração de energia e tratamentos medicinais. Depois que os Estados Unidos deixaram o acordo, o Irã elevou o enriquecimento a 20%. Nenhum dos outros países reclamou, o acordou continua, porque não tem nenhum problema esta taxa, que gera mais energia.

Mas, em 11 de abril houve o ataque. No dia 12, o Irã passou a enriquecer o urânio a 60%. Agora eles vão fazer a bomba, afirmam muitos. Eles não vão fazer a bomba. Para isto, precisaria enriquecer a 90%. Mas e se eles chegarem a 90%? Também não vão fazer a bomba, porque, como está escrito no Alcorão, os muçulmanos não podem ter iniciativas de causarem danos ao seu próximo. Eles não podem ser violentos, e nem provocar sofrimento às pessoas. O Islamismo é contra as armas de destruição em massa. O profeta Maomé teve esta preocupação.

Deus condena quando você é o agressor. Mas, aceita, que quando você sofra uma agressão, você revide. É diferente. É o direito de defesa. Ninguém aceita isso, nem os cristãos, que têm a orientação de Jesus de oferecer a outra face. Ninguém faz isto, você revida. É por isso que o Irã não tomará a iniciativa, tanto que as Forças Armadas do Irã, elas são dissuasivas e não ofensivas, como são as dos EUA. Ainda não vimos grandes reações, além de protestos, vindo da comunidade internacional. Vamos acompanhar.


Notas:

[1] Foi um engenheiro alemão considerado o pai dos mísseis nazistas V2, teve também um papel importante na construção do foguete Saturno 5, que auxiliou a missão Apollo 11 a pousar na Lua em 20 de julho de 1969. Nascido em 1912, na cidade de Wirsitz (hoje Wirzyzk, na Polônia) Von Braun foi “um dos mais importantes desenvolvedores de foguetes e campeão da exploração do espaço durante o período entre 1930 e 1970” (NASA). Tornou-se cidadão dos Estados Unidos em 1955 e morreu em 1977 no estado da Virgínia.

[2] Livro editado pela Editora Apparte (www.apparteditora.com.br) com 608 páginas e preço promocional de lançamento de R$59,90, livro escrito em parceria com o jornalista José Reinaldo Carvalho. Usem este link direto para os pedidos: https://bit.ly/3wvMMzl.

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