O modelo de gestão do Portfólio de Projetos

O Modelo de Gestão do Portfólio de Projetos representa um passo à frente na evolução e amadurecimento dos processos de proposição e gestão de portfólio de projetos. De forma explícita, o modelo constitui-se em um conjunto de atividades e ferramentas orientadas à escolha de um conjunto de projetos a serem executadas dentro de um determinado Plano Estratégico.

Ao definir quais são os projetos que deverão ser executados para que possamos atingir os resultados esperados devemos tratar de reunir um conjunto de informações relativas à sua execução. Sem isso, é improvável que as equipes de trabalho consigam manter o alinhamento necessário em torno dos objetivos planejados.

Planejar é apenas o primeiro passo. O maior desafio é agir de forma planejada. Essa é a chave em torno da qual devemos mobilizar nossos esforços. O objetivo principal de um projeto é atingir as metas e os objetivos propostos, dentro dos limites financeiros estabelecidos, no prazo acordado, com a qualidade desejada, respeitando as regras e condutas que configuram determinada organização.

Os projetos, que reunidos conformam o Portfólio de Projetos do Plano Estratégico, se constituem como a principal unidade de gerenciamento do Plano. E, para isso, precisa ser bem compreendido e assimilado por todos que terão algum papel, seja no planejamento, na execução, no monitoramento e na avaliação das ações. Em linhas gerais, cada projeto deve considerar, ao menos, seis dimensões:

a) Entendimento do Problema – o centro do planejamento são os problemas, as ameaças e as oportunidades. Aquilo que em cada nível organizacional ficar fora da seleção de problemas deve ser objeto de programação. O planejamento é seletivo. A programação é compreensiva da totalidade. O enfrentamento das ameaças e das oportunidades é uma ação proativa. O enfrentamento dos problemas é reativo;

b) Levantamento Situacional – normalmente estruturada a partir de uma matriz (SWOT ), que reúne no ambiente interno os Pontos Fortes, Pontos Fracos e, no ambiente externo, as Oportunidades e Ameaças;

c) Escopo – reúne as atividades realizar para garantir as entregas e os produtos previstos, sempre na direção de um conjunto de metas declaradas e dos resultados esperados;

d) Tempo – indica em que prazo realizar cada atividade e estabelece um sentido lógico de encadeamento entre as atividades do projeto;

e) Recursos – compatibiliza o custo do projeto com a realidade orçamentária, bem como dispões dos demais recursos necessários à execução do projeto, como os recursos humanos, materiais, cognitivos, etc.

f) Indicadores – reúne um conjunto de medidas feitas ao longo de um tempo que indicam uma tendência a qual pode ser interpreta e confrontada com uma meta ou valores de referência pré-definidos.

TERMO DE ABERTURA DOS PROJETOS – organizar o processo de trabalho, otimizar o uso dos recursos disponíveis e estruturar o cronograma.

O primeiro passo foi estimular e captar o maior conjunto de ideias de projetos que resultou na definição do portfólio, em um ambiente criativo que procurou estimular a análise crítica e o surgimento de ideias para enfrentamento dos desafios. Em sequência, as ideias de projetos devem ser formalizadas em um documento capaz de entender o problema, descrever a realidade na qual esteja inserido, estruturar o escopo, a qualidade, o pessoal, o tempo e o custo previstos para a iniciativa.

O termo de abertura do projeto (TAP) é a “certidão de nascimento do projeto” que deverá trazer as informações mínimas para análise e seleção dos projetos. O trabalho de elaboração do TAP deverá ser feito pelo responsável pela iniciativa em colaboração com as equipes envolvidas.

1. Título do Projeto – o título do projeto ou nome capaz de identificá-lo. Pode ser lançado o “nome fantasia” sempre que houver;
2. Líder do Projeto – o nome do líder do projeto. A quem caberá a coordenação geral;
3. Unidade Responsável – a unidade responsável pelo projeto. Deve ser identificada a unidade que terá responsabilidade central pelo gerenciamento do projeto;
4. Unidades de Apoio / Parcerias – a(s) unidade(s) de apoio ao planejamento, execução e gerenciamento do projeto e eventuais organizações parceiras identificadas;
5. Período Total do Projeto – o período de execução do projeto, a início previsto (IP) e de término previsto (TP) do projeto;
6. Valor Total do Projeto – o orçamento previsto para o projeto;
7. Contribuição para o Planejamento Estratégico – é o grau de incidência sobre os Resultados Esperados do Plano Estratégico. Deve ser indicado em quais RESULTADOS ESPERADOS o projeto incide e, considerado o grau de relevância dessa incidência (por ordem de importância);
8. Público-alvo – qual o público-alvo do projeto. Quem são os beneficiários diretos e indiretos;
9. Objetivos do Projeto – o objetivo geral do projeto e os Objetivos Específicos (resultados esperados ao final) do projeto. A indicação desses objetivos será base para a formulação das Metas e respectivos indicadores;
10. Matriz GUT – Gravidade, Urgência e Tendência – ferramenta utilizada para priorizar os problemas que devem ser destacados pela gestão, bem como para analisar as prioridades das atividades que deverão ser desenvolvidas. Chama-se Matriz GUT para resumir as palavras Gravidade, Urgência e Tendência;
11. Riscos e Ameaças – um risco é um evento incerto ou condicionado que, se acontecer, pode impactar negativamente ou positivamente os objetivos do projeto (ações e resultados). A valoração do risco do projeto é dada identificação do Impacto e da Probabilidade. Riscos de Alto Impacto e Alta Probabilidade exigem a formulação de Planos de Contingência, os demais requerem monitoramento regular.

Podem haver modelos de termos de abertura mais ou menos complexos. O importante é conceber o TAP como um documento que sistematiza, coletiviza as informações e alinha as partes interessadas.

Estrutura Analítica do Projeto – EAP

Uma boa forma de descrever o escopo de um projeto é organizando a chamada Estrutura Analítica do Projeto – EAP, que nada mais é que subdividir as entregas e o trabalho do projeto em componentes menores e gerenciáveis. A EAP é uma decomposição hierárquica do trabalho que deve ser executado para que o projeto seja encerrado conforme o planejado. A EAP representa o trabalho que deverá ser realizado (o conjunto de atividades) pelo projeto e ela é a base do cronograma, que, por sua vez, é o trabalho disposto no tempo.

A EAP pode ser criada de diversas maneiras, desde que organize o processo de trabalho e os pacotes de entregas e/ou produtos, também chamados de marcos críticos do projeto. No âmbito do Sistema de Ação Planejada – SAP propomos que o primeiro nível de decomposição sejam as etapas. As etapas podem ser definidas a partir de pacotes de trabalho, ou seja, recortes no escopo ou a partir da identificação de fases da vida de um projeto, encadeadas entre si e dispostas no cronograma. Não há uma regra, a escolha deve considerar o mais adequado para o processo de monitoramento e isso pode variar de projeto a projeto.

Definidas as etapas, passamos ao segundo nível de decomposição, as ações. Assim, cada etapa é composta de um conjunto de ações. No terceiro nível, os marcos críticos, que consolidam entregas ou produtos do projeto. É um nível da maior importância porque asseguram dimensão prática ao projeto. A descrição dos marcos críticos nos obrigada a definir o que de fato esperamos produzir com aquele projeto.

Podemos seguir adiante na decomposição, neste caso, com a indicação das tarefas que formarão o quarto nível. Fica claro que ao avançar para sucessivos níveis de decomposição temos sempre a incorporação de variáveis de recursos e tempo associadas. Um nível superior sempre reunirá a somatórias dessas variáveis para que possamos permanentemente enxergar todo o projeto.

O mais importante não é a nomenclatura que assumimos para cada um desses níveis de decomposição e sim, a assimilação do conceito proposto de que o projeto precisa ser subdivididos em unidades de trabalho gerenciáveis, sempre com indicação de recursos e dispostos no tempo.

Preparando as ferramentas

Com a elaboração do TAP e a definição da EAP (Etapas, Ações e Marcos Críticos) temos os elementos centrais para a fase de elaboração do Plano Estratégico e a transição para a fase de Execução (realizar o trabalho), Monitoramento (acompanhamento do desempenho) e Avaliação (balanço das metas e dos requisitos).

Há elementos complementares, mas não menos importantes, como a Matriz de Responsabilidades, a Matriz de Comunicação, o Quadro de Metas e o Painel de Indicadores, que serão tratados mais adiante.

Observação: Este é o quinto texto de uma série de artigos que serão publicados semanalmente e que tem procurado oferecer elementos ao debate do Sistema de Ação Planejada do PCdoB. Caso queira, poderá acessar os temas anteriores:

1 _ A ação planejada a serviço da luta política e da estruturação partidária
2 _ Pra começo de conversa
3 _ A construção do Mapa Estratégico da atuação do PCdoB
4 _ Segundo passo do processo de Planejamento Estratégico

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¹O termo SWOT é uma sigla oriunda do idioma inglês, e é um acrónimo de Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats)

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
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