O Oscar foi sempre o mesmo

O Oscar e o cinema de Louis Feuillade

Foto: Divulgação

Se eu trabalhasse num órgão de comunicação da mídia tradicional, eu teria que esperar até pelo menos a zero hora da segunda-feira para então fazer minha matéria. Mas como o Vermelho tem ligações com o PCdoB e eu tenho autonomia de pauta como colunista, estou escrevendo em torno do prêmio famoso da Academia de Cinema de Hollywood às 5h34min do domingo, pois não me importa quantas gafes foram cometidas nem tampouco para quem foram dados os prêmios. Posso comentar sobre os prêmios depois.

Para não dizerem que a coluna está totalmente alienada da realidade imediata, estou pensando sim em torno de prêmios, e sem dúvida deles os que mais repercussão conseguem para os filmes. Simplesmente, porque é um prêmio ou uma premiação inteiramente controlada pelas produções dos filmes. Não é por gaiatice que eles distribuem prêmios, mas por objetivo único de aumentar a visibilidade de cada filme. E então a luta está aí entre as pessoas dos produtores, mas por trás as empresas mais poderosas.

Assim, claro que me interessa saber quem foi premiado, pelo menos para ter uma visão mais imediata do por onde anda a produção cinematográfica. Por isso, deverei assistir ao programa hollywoodiano.

Olinda, 27. 03. 22

O cinema e o tempo simplesmente

Celso Marconi | Foto: Reprodução

Luiz Joaquim não deveria ter colocado esse título tão pomposo, “senhor do tempo”, no perfil biográfico meu que ele escreveu para a Cepe e foi publicado. Nunca serei senhor do tempo. Mas o tempo é realmente senhor do cinema. Sem uma dosagem exata de tempo, nunca um filme terá a densidade precisa. Ou será de menos ou de mais.

Vi agora há pouco um curta de Louis Feuillade, um cineasta histórico francês. Esse curta que está no Making Off tem o tempo exato de cinco minutos. Nele, um garoto de 8 anos convida um sem-teto para dormir em sua cama, e isso numa brincadeira em função da sua falta de sono. O filme foi realizado em 1913 quando o cinema era uma arte de alguns anos de existência. Por isso a linguagem é muito restrita. Mas Louis Feuillade com o curta mostra que tem a necessária criatividade para fazer arte cinematográfica. Tempo essencial.

Pois é, Hollywood estabeleceu que um filme deveria ter de 1h30min ou no máximo 2 horas. Esse tempo não foi estabelecido pelos criadores de cinema, mas pelos produtores de cinema. Para conseguir movimentar as salas de exibição de filmes o importante é esse tempo. Menos é pouco. E mais é muito. Mas a arte cinematográfica não existe em função das salas de cinema. Cada criador terá que criar o seu tempo. E o espectador, na verdade, é que tem mais o direito de ser o senhor do tempo.

Olinda, 19. 03. 22

O cinema de Louis Feuillade

Cineasta Louis Feuillade | Foto: Reprodução

Esse título, “O cinema de Louis Feuillade”, é pretensioso. Realmente. Pois eu apenas vi dois pequenos filmes do cineasta francês Louis Feuillade. Na verdade, ele é um dos iniciadores da cinematografia do seu país no século XX, quando a arte cinematográfica ainda estava começando a ser formada. Mas esses dois curtas, de 5 minutos cada um, demonstram a grande criatividade de Feuillade para criar, sem dúvida, uma linguagem nova em torno de um instrumental ainda não conhecido. Ele consegue com a figura do garoto de 8 anos de idade criar um personagem, e assim criar uma expressão com aquilo que se transformou na chamada sétima arte.

Um filme se chama “Bout de Zan et le chemineau” (Bout de Zan e o sem-teto) e o outro tem o nome do personagem e mais o charuto, “Bout de Zan et le cigare”. No primeiro, o garoto chama um sem-teto parisiense para seu quarto e mesmo sem sono termina fazendo o mesmo que o sem-teto fez, dormir. No outro, o pai de Bout de Zan ganha uma caixa de charutos e o garoto, como estava achando toda comida sem graça, começa a fumar um charuto e senta tranquilamente tirando baforadas, para terminar dormindo sentado na cadeira, quando aparece a servente que o vê totalmente bêbado.

O que me interessou muito mesmo nesses dois filmes curtos foi o encontro correto que Louis Feuillade consegue atingir, e assim temos uma interpretação aparentemente autônoma do garoto René Poyen, bastante expressiva, um argumento completo, embora apresentado em cinco minutos apenas. Também uma excelente composição de cena ambiental. E tudo fechado com um corretíssimo ritmo cinematográfico.

Dois pequenos filmes capazes de consagrar alguém que estava começando uma nova forma de arte visual. O cinema.

Olinda, 21. 03. 22

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