O Papa Francisco e a perdição do Brasil

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Foto: Reprodução Instagram/@franciscus

Na mais recente quarta-feira, depois do fim da audiência geral no Vaticano, o padre João Paulo Souto Victor de Campina Grande (PB) encontrou o Papa Francisco e lhe pediu uma bênção para os brasileiros. Para quê? O Papa abriu um sorriso e falou: “Vocês não têm salvação. Muita cachaça e nada de oração”.

Mas quanta coincidência! Ou será, de modo mais simples, que a vida costura certo por linhas tortas? O nome do padre paraibano é João Paulo, em homenagem ao Papa João Paulo II. Pois saibam por favor que não exagero nem minto em qualquer coincidência no que conto a seguir.

Quando o Papa de igual nome ao do padre paraibano visitou o Recife em 7 de julho de 1980,  rezou uma missa à tarde, às 17 horas e 10 minutos. Naquele dia, até os ateus de Pernambuco assistiram à santa missa, que foi  transmitida pela televisão. Lembro que em 7 de julho de 80 estávamos na casa do Gordo, bebendo cerveja e cachaça, porque era feriado santo em todo estado. E, claro, também estavam a mãe do Gordo, dona Dagmar, mais a irmã do Gordo, mais irmãos, e sobrinhos, e todos e todas de mistura a nós. Uma família promíscua, portanto. Naquele falso domingo estávamos uma vez mais bebendo cachaça, muita, o que o santo Papa Francisco viu com os olhos que adivinham o passado.

A mãe do Gordo, a senhora Dona Dagmar, sempre soube que os amigos do seu filho não acreditavam em Deus. Mas esse conhecimento, ainda que não trouxesse uma aceitação de nossas ideias, possuía pelo menos uma transigência, um conviver sábio, porque éramos, devíamos ser bons rapazes. Ela desconfiava que apesar de ateus não podíamos ser tão maus assim, porque afinal éramos amigos do seu filho, o seu mais velho filho, o homem que pelo estudo, pela instrução, conseguira tirar a família da extrema pobreza. O Gordo, o senhor Antonio Luís da Silva, era graduado em História e funcionário do Banco do Nordeste do Brasil, onde ingressara por concurso público. O certo é que Dona Dagmar sempre soube que éramos ateus. Mas com uns poderes e lógica que somente a complexidade humana poderiam explicar, ela nos perdoava, enquanto para o filho ela mais de uma vez falou: “Você acredita em Deus e não sabe”. O Gordo sempre sorria muito disso.

Por isso esperávamos O Papa, a missa papal, como se fôssemos Berlim Oriental e Berlim Ocidental em uma mesma sala. E bebíamos. Enquanto a missa não vinha, era possível ao mesmo tempo a televisão ligada e os frevos em discos da Mocambo, em vinil, a rodar.

Ora, então às cinco em ponto da tarde todos entramos em silêncio forçado, em respeito a Dona Dagmar, senhora católica, crente dos poderes e infalibilidade papal. Assinamos como por encanto uma trégua, um acordo, sem papel. Os frevos pararam de rodar, e ficamos todos, em tensão máxima, aos murmúrios, pois o respeito àquela mulher do povo era uma ordem. Mas no minuto santíssimo, magno e piedoso em que o Papa se preparava para distribuir a hóstia em sagrada comunhão, o que fez o Demônio? Ele me tomou o corpo, a mão, o espírito, a alma, e fez com que me dirigisse à cozinha, e lá enchesse vários copos de aguardente, pusesse-os em uma bandeja, e com pedacinhos de pão retornasse à sala e distribuísse álcool e  pão aos hereges enquanto Deus era servido na televisão. Os safados comungaram como inocentes, alheios e alienados ao instante da hóstia consagrada do Papa na tevê. Melhor dizendo, beberam, com toda educação e respeito. Mas eu fui quem levou a fama.

O Gordo me contou o resultado disso, longe da cena do crime sem perdão, uma semana depois:

– Minha mãe me chamou naquele dia na cozinha e me disse: “olha para as minhas mãos”. As mãos de Dona Dagmar tremiam.

E assim foi a profecia original do Santo Papa Francisco, que afirmou em 2021 ao padre João Paulo: 

“Os brasileiros não têm salvação. Muita cachaça e nada de oração”.

Os descrentes podem ver aqui a profecia retroativa:

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