O PCdoB-PR e a Vigília Lula Livre: A luta valeu a pena!

Dizíamos: “Lula não está só!”. Com ele há milhões de brasileiros e brasileiras que esperam e, a seu modo, lutam pela liberdade do ex-presidente

Foto: Arquivo pessoal

Matéria publicada no sítio do PCdoB em 24 de novembro de 2019, que registrava a extraordinária experiência da Vigília Lula livre – um dos movimentos na História recente que durou 580 dias em apoio a um preso político, marcado pela capacidade de resiliência, mesmo em Curitiba, uma das capitais consideradas das mais conservadoras do país.

Em 8 de novembro de 2019, Lula foi libertado de sua cela na Polícia Federal em Curitiba e citou Che Guevara: “Os poderosos podem matar 1, 2, 100 rosas. Mas jamais conseguirão deter a chegada da primavera”. Finalmente fazendo valer a Constituição, o STF possibilitou a libertação do ex-presidente da injusta prisão em meio à primavera brasileira. E a frase por ele mencionada ficou gravada nas mentes e corações dos que lutam por liberdade e democracia, especialmente daqueles que sustentaram bravamente, debaixo de sol e calor, chuva e o frio de Curitiba, todos os 580 dias, naquela esquina encravada no bairro Santa Cândida.

O PCdoB do Paraná, através da Secretaria de Movimentos Sociais, foi presença na Vigília por Lula desde o primeiro dia da prisão, 7 de abril de 2018. Nas diárias saudações de “Boa Tarde” e “Boa Noite, presidente Lula!”, o Partido esteve em numerosas delas, coordenando a atividade, expressando grande emoção e muita consideração para com todos os militantes dessa luta, de Curitiba, do Paraná, do Brasil e de numerosas partes do mundo. Incontáveis rostos e muitas histórias, gente que trazia e levava abraços fortes de solidariedade. Alguns militantes comunistas também puxaram os debates chamados “Rodas de Conversa”, sobre os mais variados temas, nas tardes de sábado.

Dizíamos: “Lula não está só!”. Com ele há milhões de brasileiros e brasileiras que esperam e, a seu modo, lutam pela liberdade do ex-presidente. Em cada novo dia vivenciado, nos 580 dias, 13.920 horas, 835.200 minutos, 50.112.000 segundos de resistência, ousadia,  solidariedade, compartilhamento, dedicação, o movimento da Vigília se  propagou para o mundo todo denunciando a perseguição de um dos maiores líderes da história contemporânea.

Naquele triste 7 de abril, quando Lula foi posto na cela da PF, milhares de militantes entoaram canções de luta, como o inesquecível tema de Vandré, “Para não dizer que não falei das flores”, perante a covardia da polícia militar do Paraná, que agrediu os manifestantes com bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral.  Cerca de 20 ativistas sofreram lesões então. Nos primeiros meses, quando foi montado um acampamento simultâneo à Vigília, provocadores desfecharam tiros contra esse precário alojamento, em tentativa intimidatória. Sem sucesso: a Vigília reforçou suas convicções, sua lealdade a Lula e se manteve ainda mais unida e forte até o último dia da prisão.

Vigília Lula Livre no dia da libertação do ex-Presidente Lula | Foto: Ricardo Stuckert

A duas quadras da Vigília, foi também instalada a “Casa Marielle Franco”, onde se desenvolveram atividades politicas, artísticas, culturais e festivas, para manter indelével a memória da combativa vereadora carioca, impiedosamente assassinada por milicianos. Ainda persistem incertezas sobre o real mandante do crime. Há indícios e denúncias de possível envolvimento do próprio presidente Bolsonaro e seus filhos nesse caso, encobertos por um véu de impunidade e tergiversações.

Importantíssimos apoios nacionais e internacionais foram dados a Lula, assinalando a injustiça de sua prisão, a começar da própria Comissão de Direitos Humanos da da ONU. As Mães da Plaza de Mayo condecoraram-no com o lenço branco, a mais alta homenagem do movimento argentino.  Pela Vigília passaram Adolfo Esquivel (Prêmio  Nobel da Paz), o ex-presidente argentino Duhalde e o atual recém-eleito Alberto Fernández, Jean-Luc Mélenchon (liderança do movimento de esquerda “França Insubmissa”), Kailash Satyarthi, Noam Chomsky (linguista norte-americano), o juiz Baltasar Garzón (que prendeu o ditador Pinochet), Chico Buarque, o ator norte-americano Danny Glover (embaixador da ONU para Direitos Humanos e Assuntos Raciais, com quem tivemos a oportunidade de visitar o assentamento do Contestado do MST na Lapa-PR), o governador maranhense Flávio Dino (PCdoB), a presidente nacional do PCdoB e vice-governadora de Pernambuco Luciana Santos.

Muitas outras personalidades do Brasil e do mundo estiveram na Vigília, mal cabendo  neste espaço enumerar todas, mas demonstrando que a Campanha Lula Livre não só representa um movimento pela liberdade mundial como também uma defesa da democracia, da soberania nacional e de direitos sociais subtraídos no atual quadro de acirramento da luta de classes.

A vivência do PCdoB na Vigília Lula Livre permitiu alcançar a compreensão de que as batalhas pela liberdade do ex-presidente inserem-se na luta maior em defesa da democracia e da Constituição Brasileira, e que a prisão manipulada por setores inescrupulosos do Judiciário e do MP foi mais um capítulo do golpe que destituiu a presidenta Dilma, entronizou o oportunista neoliberal Temer e abriu caminho à eleição de Bolsonaro

A Vigília por Lula foi um espaço político de aprendizagem, de humanidade, de encontros, de unidade na diversidade, para o acúmulo de forças para o enfrentamento do governo fascista, machista, racista e misógino de Bolsonaro.

Agora na condução da Secretaria de Mulheres do PCdoB-Paraná, pudemos reviver parte dessa experiência singular, reencontrando Lula na sede do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil (Sintracon), na última sexta-feira, 18 de março de 2022. Nesta data, o ex-presidente iniciou sua agenda em Curitiba, reunindo-se com cerca de 80 participantes da antiga Vigília. Nessa ocasião, houve ainda uma referência especial a participantes da Vigília que faleceram vítimas da Covid-19.

Foto: Ricardo Stuckert

Lula agradeceu à Vigília, a todo o movimento e à equipe que lhe deu apoio e assistência durante a prisão. Nas palavras de Lula: “Eu sempre agradeço a Deus, que sempre foi muito generoso comigo, porque, mesmo depois de me jogarem em um poço, de jogarem toneladas de mentiras contra mim, eu encontrei vocês que eu nem conhecia, e a dedicação de vocês, a confiança de vocês me ajudou a sobreviver em uma cela ”

Ele destacou que o grito (que ouvia desde sua cela) de bom dia, boa tarde e boa noite bradado pela Vigília era música para os seus ouvidos e que ele nunca havia imaginado o enorme significado e importância disso em sua vida. Lula abraçou e tirou fotos com todos/as os/as participantes do encontro. E ainda afirmou: “Pelo meu compromisso com vocês eu vou dedicar a minha vida para o Brasil ser um país mais decente e para o povo brasileiro ser bem tratado”.

Seguimos na batalha para o fortalecimento da Frente Ampla, para derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo em definitivo, para a construção da Federação partidária a ser vitoriosa nas urnas, para urgentemente em seguida iniciar a reconstrução da nação demolida pelo bolsonarismo e então implementar um novo e verdadeiro Projeto Nacional de Desenvolvimento soberano, com plena democracia e justiça social.

Viva Lula Livre!

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor