O que será do Estado Nacional pós-pandemia?
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Publicado 29/04/2020 16:00
Muito tem se falado sobre qual será o papel do Estado pós-pandemia de Covid-19. Em momentos de crise, as ideias bradadas por Adam Smith, demais liberais e neoliberais vão para o lixo. O Estado se arma e se organiza de maneira completamente oposta à que pregaram tais teóricos se tornando, na maioria dos casos, uma ferramenta que tenta atenuar o caos causado pela maior pandemia da História humana.
Volta ao debate a questão do papel do Estado: ele deveria ser mais valorizado e se voltar mais para as pessoas, para a população como um todo. Um dos fiadores dessa ideia é o professor André Lara Rezende. Numa situação pandêmica o sistema de mercado se mostrou incapaz de proporcionar as respostas. Muito pelo contrário: pode até se tornar não funcional em momentos como esse, basta lembrarmos que o mercado é voltado para a competição, para o raciocínio individualista do “todos contra todos”, algo incompatível com um momento que pede por ações coordenadas e cooperativas entre as pessoas.
Aí se apresenta o desafio ao Estado: pode sair da crise mais funcional, menos patrimonialista, mais eficiente, sem que a eficiência seja um sinônimo de diminuição do seu tamanho, com privatizações e medidas afins – enfim, sem que seja neoliberal – ou pode descambar para o autoritarismo, aguçando suas características antidemocráticas, burocráticas e repressoras.
É nesse momento, no pós-crise do Covid-19, que o capitalismo financeiro internacional pode estar em xeque, pois se mostrou autodestrutivo nas últimas décadas, concentrou as riquezas demais, mesmo para os padrões capitalistas, optou pelo caminho da especulação financeira, sepultou empregos, inibiu a competição entre os próprios capitalistas, tornou-se autofágico (como previu o velho Marx, aliás).
O covid também deixou a nu o sistema de produção hiperglobalizado, com a falta de estoques de mercadorias atingindo os Estados nacionais e mesmo as empresas. A crise de saúde mostrou o quanto é importante a indústria nacional, a necessidade da busca de um reequilíbrio, nosso país e muitos outros passam por um processo real de desindustrialização. Essa desindustrialização nacional, levada aos extremos, precisará indubitavelmente ser reavaliada.