Os novos ventos que sopram do Chile

Na cerimônia em que anunciou sua equipe, Gabriel Boric afirmou que os 24 ministros “representam, de forma simbólica, os 19 milhões de habitantes deste país”

Gabriel Boric e os membros de seu novo governo I Foto: Reprodução/Twitter

Gabriel Boric, presidente eleito do Chile após uma épica batalha contra as forças neofascistas, anunciou nesta sexta-feira (21) os nomes de 24 ministras e ministros que integrarão o seu governo, cuja posse está marcada para 11 de março. A ampla maioria é de mulheres, que comandarão 14 ministérios. A média de idade da nova equipe é de apenas 49 anos.

Maya Fernández, deputada do Partido Socialista e neta de Salvador Allende – o presidente deposto pelo sanguinário golpe do general Augusto Pinochet – ocupará o cargo de ministra da Defesa, numa nomeação com forte valor simbólico. Já a jovem Camila Vallejo, do Partido Comunista, será a porta-voz do presidente, ocupando a Secretaria Geral do Governo.

O novo presidente conseguiu costurar importantes alianças para garantir a governabilidade. Partidos de centro-esquerda que não compunham a vitoriosa frente de esquerda – como o PS de Michele Bachelet – integrarão o ministério. Com esse apoio, o inédito governo chileno ganha melhores condições para aprovar seus projetos no Congresso Nacional.

Em busca da governabilidade

A coalizão “Aprovo Dignidade”, composta pela Frente Ampla, de Gabriel Boric, e pelo Partido Comunista, elegeu 37 deputados, de um total de 155; e cinco senadores, de 43. Já o chamado “socialismo democrático”, que inclui o PS, tem 28 deputados e 13 senadores. A nova aliança “aumenta significativamente a governabilidade”, registra o jornal O Globo.

O jornal enfatiza ainda que “o Ministério da Fazenda ficará com Mario Marcel, membro do PS que estava na presidência do Banco Central. A indicação tem como objetivo dissipar a incerteza quanto à gestão da economia… A nomeação de Marcel envia um sinal de estabilidade e responsabilidade aos mercados”.

Na cerimônia em que anunciou sua equipe, Gabriel Boric afirmou que os 24 ministros “representam, de forma simbólica, os 19 milhões de habitantes deste país”, e orientou os novos ocupantes a começarem seu trabalho dialogando com os membros do governo de Sebastián Piñera, de modo a fazer uma “transferência de poder transparente e impecável”.

“Peço que assumam suas tarefas com o maior empenho e responsabilidade, tendo em mente que todas as pessoas esperam que façamos do Chile um lugar mais amigável e humano para se viver, onde a dignidade se torne um hábito… Dialoguem, dialoguem, dialoguem. É somente através do diálogo diário e ouvindo a todos que vamos construir este país mais justo ao qual aspiramos”.

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