Por mais democracia e a vitória comunista paranaense

Se tem uma lição confirmada na minha primeira experiência numa disputa eleitoral para a Câmara Federal, encerrada neste domingo, com a responsabilidade de ter conquistado 20.678 votos, é que o país precisa de mais democracia. Disputar uma eleição onde a máquina poderosa dos detentores de cadeiras na Câmara dos Deputados e outras máquinas igualmente poderosas atuam de maneira decisiva, é quase um ato de heroísmo.

Essa constatação torna ainda mais representativa e importante a eleição do jovem camarada Aliel Machado, recolocando o Paraná na bancada comunista do Congresso Nacional depois de 20 anos.

Se analisarmos as configurações culturais do Estado, a vitória ainda é mais expressiva. Falamos de um Paraná, que historicamente elege em sua maioria representantes do grande agronegócio ou de setores conservadores, onde a representação popular na Câmara dos Deputados é uma raridade.

A vitória, significativa e ousada, deve servir de base para a construção de outros projetos ousados no Paraná.

Quando analisamos o quadro eleitoral em todo o país, é fácil perceber que o Paraná não é exceção, e que temos que reforçar a bandeira por uma reforma política democrática, mas também travar mais de perto a luta para conscientizar a população de que a construção de uma sociedade mais humana, solidária, justa e inclusiva é possível.

Fiz da minha campanha uma militância quase pedagógica neste sentido, mas é visível que precisamos debater mais política, informar a população rotineiramente de que não basta eleger o melhor projeto para a Presidência da República, nós precisamos rever as representações do Congresso Nacional, que em sua maioria não representam os extratos sociais da população.
São eleitos a partir de máquinas poderosas, sim, mas são eleitos por que a maioria da população não compreende que este espaço, fundamental para a democracia, o parlamento, é o lugar onde os grandes debates da nação são realizados, e se os detentores das cadeiras representam outros interesses, que não os da maioria do povo, é claro que as decisões tomadas priorizadas sempre os interesses dos grupos que representam.

E este debate não pode ficar restrito somente ao período eleitoral. Precisamos ampliá-lo e torná-lo cotidiano.

Voltando ao Paraná. Dos 30 eleitos, quantos representam os trabalhadores organizados? Quantos representam a educação pública, quantos tem a saúde como pauta prioritária? Quantos representam os pequenos agricultores, que ocupam boa parte do território produtivo no nosso Estado?

É fácil fazer esta conta e ver que nossa representação está distorcida. É fácil constatar que precisamos, repito, intensificar a luta pelas reformas democráticas, mas especialmente a política.
Não basta apenas manter o projeto pela continuidade das mudanças no país.

Lutamos por isso na eleição. Disse em todos os lugares por onde passei, só me elegeria se o povo quisesse este tipo de representação, pois não tinha nenhuma máquina poderosa para competir com as máquinas especializadas em garantir cadeiras na Câmara dos Deputados.

Com muita alegria, conquistamos 20.678 mentes para esta representação, boa parte delas não na eleição, mas no cotidiano da luta e do nosso trabalho. Muito longe do que precisávamos para tê-la, mas uma vitória importante se analisarmos que pavimentamos um caminho e que o futuro poderá construí-la no caminho que o país precisa.

Continuamos em frente, em linha reta, sem tergiversar em nossos princípios, com a firmeza de que esta construção é necessária para melhorar a luta do povo.

Um imenso agradecimento a todas e todos que contribuíram neste projeto eleitoral. Parabéns ao camarada Aliel Machado e ao PCdoB paranaense pela importante conquista, ao camarada Ricardo Gomyde que representou honrosamente o ousado projeto para o Senado Federal, conquistando mais de 660 mil votos.

Enfim, parabéns a todas e todos camaradas que se dispuseram, aqui no Paraná, a lutar nesta disputa desigual que é o nosso sistema eleitoral: Toni Reis, Cláudio Padilha, Cláudio Casagrande, Célia Regina, Maria do Socorro, Marcelo Elísio, Wágner Sabino, Rafaela, Cosminho, Maiara, Elenita e Marcos Abujamra.

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