Qual será a dele no carnaval?
“Aliás, nos dias recentes, como subproduto das baboseiras do presidente, vem subindo a pressão oposicionista para muito além dos segmentos à esquerda. Em vários ringues o capitão tem sido desafiado.”
Publicado 20/02/2020 11:31
Difícil qualificar o presidente da República Jair Bolsonaro, tamanha a variedade de diatribes e trapalhadas que comete quase diariamente.
Para quem se diverte com a sátira e o deboche no carnaval, o cardápio é amplo e variado.
A história do Brasil registra presidentes medianamente despreparados, politicamente frágeis e intelectualmente desprovidos de uma formação adequada ao cargo. Não foram poucos numa galeria em que o ditador general Costa e Silva pontifica.
Entretanto, a ocupação da cadeira presidencial como que cerca o governante de certo espírito de autoridade que o faz aderir à liturgia do cargo e a tentar se comportar adequadamente.
Mas Jair Bolsonaro reúne todos os predicados negativos e sequer tem noção da dimensão institucional da função que ocupa.
Bem ao seu estilo (que seus apoiadores caracterizam como “espontâneo“), não apenas diz bobagens sobre questões centrais da vida do país, como os rumos da economia (que reiteradamente reconhece não compreender), como agride pessoas subvertendo regras elementares de civilidade e se expondo à reprimenda pública e ao ridículo.
A agressão verbal à repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, em termos chulos, expõe ao mundo a dimensão minúscula do presidente. Ataca a democracia. Fere o decoro.
Implica processo judicial.
Aliás, nos dias recentes, como subproduto das baboseiras do presidente, vem subindo a pressão oposicionista para muito além dos segmentos à esquerda. Em vários ringues o capitão tem sido desafiado.
Vinte governadores (fato sem precedentes!), por exemplo, divulgaram uma carta “em defesa do pacto federativo” onde refutam declarações do presidente, feitas no último final de semana, sobre a morte do miliciano Adriano da Nóbrega, na Bahia, de notórias ligações com a família Bolsonaro.
Também reagem os governadores à bravata de Bolsonaro quanto ao ICMS, ao dizer que zeraria o imposto federal sobre os combustíveis se os gestores estaduais o zerassem também. Declaração ridícula e desprovida de qualquer sustentação técnica.
Como em nosso país tropical abençoado por Deus muita coisa acontece durante o reinado de Momo, há que se perguntar: qual será a dele no carnaval?