Quebrar patentes e investir na indústria farmacêutica nacional

Duas necessidades urgentes

Ilustração: Reprodução

Não é segredo para ninguém que o misto de incompetência e irresponsabilidade de Bolsonaro para gerir a pandemia fez com que a situação em nosso país ficasse caótica, mas um dos pontos que sinto fazer falta nesse assunto é a falta que faz um projeto de desenvolvimento nacional na área dos fármacos.

Para alguns pode parecer estranho, mas não é. Qualquer nação desenvolvida tem na produção de medicamentos um dos pilares fundamentais para a garantia de sua soberania.

E no Brasil, desde o governo Collor, passando ainda por FHC, tivemos nossa indústria farmacêutica literalmente destruída, se hoje estamos nesse caos que se tornou a busca da vacina, conseguida com muito esforço pelos cientistas do Butantã, mesmo contra todas as vontades do governo federal, foi graças a falta de uma indústria estatal nessa área.

Se investir em educação e saúde é investir no futuro do país, o que temos para falar acerca do investimento em Ciência e Tecnologia? Somente uma nação serviçal não desenvolve a sua própria indústria, e é isso que estamos nos tornando, uma nova colônia no século XXI.

A verba para essa área tão importante diminui a cada plano plurianual, ou seja, a nossa soberania segue pelo ralo a cada ano, junto com um sonho de um país realmente livre.

Além da falta de uma robusta indústria estatal de medicamentos, outro ponto que merece destaque é o eterno debate acerca da quebra de patentes, que dialoga diretamente com a falta de insumos, pois o respeito a essa falsa ideia de que tudo tem dono, impede a produção de medicamentos oriundos de outros países em nossas terras.

Hoje, a quebra de patente é uma estratégia de vida e, porque não, também de soberania, é inimaginável pensar que podemos ter pessoas morrendo de COVID com a cura nas mãos de alguma empresa privada de algum país de primeiro mundo. Parece estranho? Com a AIDS e o medicamento Tripanovir temos exatamente esse problema, mesmo com pesquisas acusando bons resultados no tratamento desse vírus, ele não pode ser comercializado no Brasil pois não tem registro de patente em território nacional.

Isso é um verdadeiro absurdo, vamos deixar pessoas morrerem simplesmente porque precisamos respeitar um acordo que só privilegia as megaempresas privadas de medicamentos?

É hora de trazermos esse debate à tona, precisamos unir o setor patriótico nacional e construir, em sintonia com o desenvolvimento soberano, um projeto de retomada da indústria farmacêutica brasileira prevendo, inclusive, a quebra de patentes como fator importante para essa retomada de crescimento.

Mas não nos enganemos, para isso precisamos derrotar o governo entreguista de Bolsonaro e construir uma nova independência nacional, diferente de 1822 mas tendo como objetivo central tirar as garras do imperialismo do nosso patrimônio, pois só assim seremos livres de fato!

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