Quem disse que no Nordeste não existe Hip-Hop?

Não adianta chegar e cuspir no prato em que comeu, não! Não adianta
vir arrotando “conhecimentos” aqui no nordeste pensando que somos uns
otários…Se for pra falar blá, blá, blá nem chegue perto, você não
será bem-vindo.Gente que sobreviveu aqui

Então, em todo canto que exista Hip Hop aqui no Brasil, existirá
sempre aquele que haverá de querer atrasar o lado nordestino; (alguns
são próprios daqui do NE), que irá querer brigar e por à prova os
nossos conhecimentos…Nhenhenhe…Já sabemos disso de cor e salteado,
mas falar que aqui no Nordeste não existe Hip Hop, pegou pesado…Quer
zoar? Tão achando que estamos brincando de casinha? Se não conhecem
nossa casa, venham nos visitar, mas venham preparados pra ver o que
temos de bom e de ruim, igualzinho às suas.




Gostaria muito que alguém me respondesse o porquê aqui “não existe
Hip Hop!” Gostaria muito de saber quais os argumentos que iriam
surgir…!


 



“Vocês têm muito que aprender com a gente”. “Vocês são um bando de
otários…” Tá demais hem? Temos que aprender o quê? A nossa
realidade é muito parecida e ao mesmo tempo também muito diferente da
de vocês. O que aprendemos tá na rua, tá em casa, tá na vida…No
nosso cotidiano.




É lamentável saber que muitos entre nós querem colocar o NE prá
trás…Não quero atingir ninguém com isso, nenhum Estado em
particular…Não é o meu ideal…Aliás, conheço gente de diversos
Estados e essas pessoas estendem as mãos pra mim, sem diferença,
porque temos propósitos em comum: o Hip Hop!…Afinal, não tem porque
essa diferenciação, não tem pra que tentar provar algo pra gente,
querendo passar-nos para trás. A questão aqui não é de rixa, e sim de
compreender a diversidade que temos nessa cultura, é o próximo, é o
mundo que está em nossa volta, é o respeito ao próximo, independente
de raça, credo ou religião.


 


Repito: Por quê então essa masturbação de ego? É preconceito?




Palavras de Lamartine (MHHOB – Brasil) ditas no 1ºEncontro Nordestino
de H2 em setembro de 2006 em Pernambuco.


 


O Movimento Hip Hop do Nordeste decreta a partir desse momento que
não somos submissos e nem temos que ter uma relação de inferioridade
com o H2 dos EUA, e nem de São Paulo e que a gente pode sim ensinar
aos irmãos de São Paulo, Brasília, Belo Horizonte e do Rio Grande do
Sul (que são os 4 pólos principais de H2), que a gente tem que ter uma
relação de igualdade, porque se não, uma coisa que a gente sempre fala
desde a época de 90, eu nunca tive fã, e a gente não tem que ter fã
entre nós ( a gente tem que ser fã de idéias e ações), porque tem
muita gente no Rap no H2 que fala e não faz e a gente ta cansado. 37
anos de idade já estou muito cansado e to muito feliz com a coisa mais
importante em toda minha história do H2, que foi justamente esse
encontro aqui em Pernambuco (1º Encontro Nordestino de Hip Hop).

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor