Serra perde a compostura e exagera em vãs promessas

Inaldo Sampaio, colunista da Folha de Pernambuco (um dos poucos que ainda guardam isenção analítica), observa com propriedade que Serra, depois de quase quarenta anos de vida pública, vendo-se em dificuldade no pleito atual, “aderiu de vez à demagogia”.

Inaldo fundamenta sua observação no conjunto de promessas destituídas de base objetiva que o candidato tucano vem anunciando, que no dizer do economista Sérgio Buarque (citado pelo colunista), mescla “populismo e oportunismo político”.

De fato, prometer o 13% salário aos beneficiários do bolsa-família, salário mínimo para R$ 600,00 e reajuste de 10% aos aposentados a partir de janeiro de 2010 beira à insensatez, quando não fere os ouvidos dos seus apoiadores do PSDB, DEM e PPS avessos a esse tipo de proposição e muito mais interessados na retomada do ideário neoliberal do Estado mínimo.

Só as duas primeiras propostas mencionadas implicariam em gasto público da ordem de R$ 50 bilhões. De R$ 49,1 bilhões em despesas geradas com as promessas de Serra, no entanto, correspondem a todo montante de investimento previsto para o setor público em 2011, incluindo o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), assinala em reportagem o Diário de Pernambuco.

Na verdade, Serra improvisa essas “bondades” de última hora por haver perdido totalmente o rumo – se é que tinha. Cadê as propostas programáticas do candidato que se apresentava como o melhor gerente para o País? O que se vê agora, além desse populismo camaleônico, é a cantilena acusatória tentando impor à ex-ministra Dilma a pecha de responsável por supostas irregularidades cometidas por integrantes do governo federal. “Uma chefe de quadrilha”, vomita aqui na província o também fracassado candidato a governador Jarbas Vasconcelos, em sua ira contra a futura presidente do Brasil.

É verdade que ainda restam pouco mais de dez dias de campanha – o que é muito, dadas as características em certa medida fluidas do comportamento do eleitorado brasileiro. No entanto, diversos analistas de pesquisas eleitorais, dentre eles Marcos Coimbra, do Vox Populi, consideram que os fatores determinantes da forte tendência à vitória de Dilma passam ao largo dos factoides esgrimidos por Serra e seus asseclas, à moda da antiga UDN.

Que assim seja – para o bem do Brasil e pela afirmação do processo democrático.

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