Só se resolvem os problemas políticos dentro da política

.

O mês de agosto se encerra trazendo o inesperado (para alguns) afastamento de Wilson Witzel do cargo de governador do Rio de Janeiro. Eleito com o apoio dos bolsonaristas, em um primeiro momento parte da esquerda comemorou essa estranha decisão que o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tomou.

Não há dúvidas que Witzel flertou e por vezes flerta com o fascismo, mas não podemos nos enganar: o que tem por trás desse afastamento é única e exclusivamente os interesses da família Bolsonaro às vésperas das eleições para a capital fluminense.

Se antes o governador tinha apoio do presidente e de seus filhos, desde o ano passado essa relação mudou muito, se tornando um obstáculo para os objetivos dos que hoje comandam nosso país.

Com o controle total de parte da justiça, da polícia federal e das polícias como um todo, o atual presidente e seu grupo político mandam e desmandam na burocracia do judiciário, dando recados claros a quem não faz o que eles querem, à exemplo do que foi feito com Witzel.

Dificilmente a decisão do STJ será mantida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas o recado foi dado, não só para o governador fluminense mas para todos que hoje fazem oposição a Bolsonaro.

É bem possível que o caso de Witzel seja só o primeiro, logo estados governados pela esquerda, como Maranhão e Bahia podem estar vivendo a mesma situação, ou até mesmo São Paulo, do tucano João Dória, outrora aliado do presidente e hoje ferrenho crítico de sua gestão.

Não podemos nos enganar e achar que só porque o governador do RJ é um adversário político na maior parte das pautas progressistas que a justiça tem o direito de afastá-lo da maneira como feita.

Isso é um risco à democracia e mostra que a tampa do bueiro aberta com o golpe de 2016 e a prisão arbitrária de Lula segue firme, com o poder judiciário agindo de acordo com os seus interesses e funcionando como um poder paralelo, bem diferente do poder moderador que se espera da justiça.

É preciso que aqueles que hoje comemoram o afastamento de Witzel entendam que o buraco é bem mais embaixo do que parece, que parte dos governadores opositores ao bolsonarismo estão sofrendo pressão e represálias, ficando isolados e cada vez mais reféns de si mesmo, ou se aliam ao presidente ou sofrem as consequências de suas ações, algo muito arriscado!

Precisamos superar as diferenças que reinam na política e seguir firmes buscando a defesa da democracia, da Ciência e da Constituição Cidadã de 1988. Não vamos cair no conto do vigário dos adeptos do sectarismo!

Precisamos resolver os problemas da política dentro da política, afora dela nos resta a barbárie, não podemos confundir adversários com inimigos, é hora de amplitude, visão e paciência, pois só vamos derrotar o bolsonarismo se entendermos que todos que se opõe a ele são possíveis aliados, ou seja, fortalecer o lado de cá só é possível enfraquecendo o lado de lá!

Até a próxima.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *