Sobre concessões de serviços púbicos, um tema para o ano inteiro 

(Parte 1)
Vários serviços públicos no Brasil operam "sob concessão", sendo explorados pelo setor privado e é só isso mesmo que está acontecendo: a iniciativa privada explora os serviços, ou seja, busca lucro com isso. A qualidade dos serviços é, em geral, tão ruím que se referir aos serviços oferecidos em termos de qualidade soa mesmo como um deboche.

Em São Gonçalo, onde eu moro, e em mais alguns municípios do RJ os serviços de eletricidade são de "responsabilidade" da Ampla, o que significa conta cara, muitas noites de chuva sem luz, eletricidade desligada em pleno sol durante as festas de fim de ano por três a quatro horas e "fase caindo", que foi o caso desta noite que passei acordada com tudo fora da tomada para que nada queimasse com tal instabilidade.

No site da empresa (Apla), informam que atuam em 66 municípios, totalizando 73% do território do Estado. Uma quantidade bem grande de cidadãos expostos a tão precário serviço, devo dizer e lamentar!!! A imagem de uma vela aqui não é aleatória. É preciso ter em casa um grande estoque de velas e durmabem para enfrentar os períodos de falta de luz…

Ah!!! Não vamos esquecer do atendimento ao cliente pelos 0800s que, durante as chuvas e tempestades, simplesmente estão ocupados, de modo que não conseguimos nem mesmo solicitar ajuda. Vou comentar sobre a conduta da Agência Reguladora em outro post, senão ficará grande demais.

Eletricidade é serviço essencial! Foi criminoso privatizar! Antes que eu me esqueça.

Agora, exercitando o maravilhoso poder do pensamento, vamos analisar umas coisinhas, seguir um raciocínio:

O ser humano é um ser social, sabemos. Neste sentido, a humanidade foi construindo formas de organização da coletividade e no nosso país, temos instâncias de governo – Federal, Estadual e Municipal; a burocracia sob a qual a condução do país se realiza; os poderes executivo, legislativo e judiciário; temos órgãos e ministérios; essa parafernália burocrática que vemos no dia a dia (ou não), mas que a maioria não entende bem, eu inclusive.

Vamos passear por uma questão que é central na minha vida e na dos meus filhos: educação! Então, diferente de como era na minha infância, o ensino fundamental está universalizado no RJ, embora a qualidade das escolas – na maioria – esteja péssima. Temos os CPII e os CAPs; temos a "rede", as inúmeras formas de compartilhar e acessar conhecimento através da internet…Daí tem também o Enem e demais vestibulares, tudo com sites e tal, tudo necessitando da eletricidade e internet 

Eu faço doutorado, como sabem; é preciso ler muito: obras literárias; teoria, filosofia, as demandas da minha tese; artigos acadêmicos dos colegas, publicar, boa parte disso, majoritariamente mesmo, online! Então, pensar em fazer avançar o país via educação – rumo com o qual tenho todo o comprometimento há alguns anos – envolve dar suporte para que as pessoas estudem: escolas melhores, e falo de formato, de ar condicionado, de menos alunos por professor, de poder levar os alunos pra estudar história do Brasil no centro do Rio, por exemplo; remuneração e carga horária adequadas para o professor. Envolve, entretanto, suporte para os cidadãos: fornecimento de energia decente e internet, dois enormes gargalos deste país.

É nesse momento que é preciso lembrar: isto é o capitalismo, onde o lucro importa; e essa lógica perversa impregna a sociedade, neste caso em particular, durante os governos neo-liberais de Collor e FHC; mas mesmo nestes governos de orientação mais popular (sim, lembrando com o que estou comparando!), que não promoveram a revolução socialista, até porque não é – penso – pela via eleitoral que isso se dará, a "iniciativa privada" não é um supérfulo! Daí a necessidade de construir outra sociedade, e falo do socialismo.

Há de se estudar as experiências do século 20, ver os erros muito bem, ler Marx, continuar a analisar a sociedade ( e estou lendo aquele " Capital do Século 21, uau), mas não dá é pra descartar a necessidade de superar os limites de uma sociedade na qual só o lucro de poucos importa.

Isaac Newton, em 1666, levou uma maçã na cabeça e isso contribuiu para pensar sobre o que hoje conhecemos como Lei da gravidade….Um passeio pelo jardim! Hoje temos tantos recursos e me parece que pensa-se cada vez menos! Computador não pensa sozinho, gente. E, se pensasse, ainda precisaria de eletricidade para estar ligado!

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