Sobre os últimos acontecimentos da campanha, a facada e as pesquisas

Segundo um velho cronista esportivo "o jogo é jogado e o lambari é pescado". Nessa última semana só quem jogou foi Bolsonaro, e só com pauta positiva, normal que ele crescesse nas pesquisas. Mas a vida e a campanha seguem, não acabam esta semana.

Ao que tudo indica amanhã entra em campo definitivamente outro jogador (e uma jogadora também, nossa Manu). A definição da chapa Haddad/Manu é importante momento da campanha, entraremos efetivamente em campo.

Esses movimentos forçaram outros jogadores a fazer suas apostas e seus movimentos. Aparentemente o quadro vai se definindo, com forte possibilidade de uma vaga ao segundo turno ter sido definida (Bolsonaro). A segunda vaga está sendo disputada por Ciro (por hora com vantagem), Marina e Haddad. Veremos também como se portará Alckmin, que tenta entrar na disputa por esta vaga, seus primeiros movimentos buscam colocar na conta do PT a responsabilidade pela radicalização da disputa, tentando se vender como o homem do diálogo frente o acirramento dos extremos.

A questão que nos cabe, além de fugir do desespero, da ideia de que tudo já está resolvido e a batalha perdida, buscar o justo ajuste em nossa campanha. O desafio não é simples, pois implicará movimentos refinados, que não queimem pontes para um segundo turno. O primeiro passo é afirmar Haddad/Manu como os legítimos herdeiros do legado Lula e do Lulismo. Nesse sentido, mesmo sem ter acreditado na estratégia, parece que há uma razão em ter esticado a corda até o último prazo para a troca. Fica claro que não houve abandono a Lula, que ele foi vítima de uma injusta perseguição dos poderosos. O tempo é curto, mas há tempo para colar a imagem de Haddad a Lula.

Outro passo, também importante, é recolocar o debate programático sobre a eleição, como disse Walter Sorrentino "pautar a campanha e não ser pautado por ela". Temos que colocar como centro o futuro do Brasil e dos trabalhadores, demarcar nos projetos, fugindo da pauta de que só há um caminho econômico para o Brasil. Demonstrar que o caminho de Temer, Alckmin e Bolsonaro são os mesmos (o velho neoliberalismo, que falhou com o golpe e falha no mundo, a exemplo de nossa vizinha Argentina). Fugir do debate moralista e da corrupção, da pauta da lava a jato, também fugir do debate identitário. Pautar que projetos de país estão em disputa.

Outro capítulo é como tratar as campanhas de Ciro e Marina, que não podem ser colocadas como adversários diretos, apesar de que precisamos ultrapassá-los. Aqui requer grau maior de habilidade e plasticidade política, preservar portas abertas para o futuro. Nesse caso acredito que o central é afirmar que Haddad/Manu representam mais e melhor o legado Lula.

No mais é campanha, cair em campo, sem desespero e afobação. Os comunistas são da linha de frente da luta de classes, não são de fazer verborragia revolucionária, são de ação revolucionária. Os desesperados e os que arrotam coragem, valentia e combatividade são os que ao primeiro estouro de um balão se desesperam e correm para se esconder, nós, do velho PCdoB, olhamos sempre para o futuro, com linha política e ação ampla.

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