Tá mais fácil um impedimento que um golpe

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(Foto: Reprodução)

Assistimos na última semana de março uma grande fofoca nas redes sobre a possibilidade de um golpe de estado por parte de Bolsonaro em conjunto com as forças armadas.

Vamos neste simples artigo, mostrar que não há lógica nisso (ao menos nesse momento), mesmo o presidente querendo, pois não depende só dele.

1. Não há condições objetivas: Gerir mal a pandemia e enfrentar forte oposição de diversos veículos de comunicação não é uma justificativa para decretar estado de sítio ou qualquer outra coisa do tipo.

2. Não há condições subjetivas: O imaginário popular ainda julga muito mal a ditadura segundo pesquisas de opinião. Apesar de alguns lunáticos barulhentos nas redes, não é a maioria da população que apoia aventuras desse tipo.

3. Não há apoio do grande oficialato: A demissão conjunta do comando do exército, marinha e aeronáutica mostram como Bolsonaro não tem a direção das forças armadas. É importante lembrar que ele é só um capitão reformado, e estas são fiéis aos seus comandos até segunda ordem.

4. Não há apoio dos governadores: a carta em defesa da constituição por parte de vários governadores mostra que a maioria dos estados da federação não estão a fim de aventuras golpistas que podem acabar mal. Destaca-se que importantes estados da federação assinam a carta, como São Paulo e Bahia.

5. Não há apoio no congresso: o recado de Arthur Lira, presidente da câmara e Rodrigo Pacheco, presidente do senado são claros – não há apoio do legislativo para decretos capazes de aumentar os poderes do presidente da república. Mesmo o líder do governo tentando trazer a pauta, os líderes do congresso já deram indícios que não há o menor espaço para isso.

6. As polícias militares são ligadas aos estados, não ao governo federal: Entre a baixa patente existe muito apoio a Bolsonaro, não há dúvidas disso, entretanto os comandos das polícias militares são de livre nomeação dos governadores. Não parece muito lógico que os comandos serão capazes de não acatar as ordens dos governadores, somando-se a hierarquia presente nas polícias, parece pouco lógico que a baixa patente sairia desobedecendo ordens de seus comandantes para acatar ordens que não vem do comando direto de suas patentes.

7. As guardas municipais são ligadas aos prefeitos: A mesma lógica que foi colocado para as polícias militares, vale para as guardas municipais, trocando apenas o ente federado, que não é o governo estadual, mas as prefeituras. Destaca-se ainda que a grande maioria dos prefeitos das grandes cidades estão bastante insatisfeitos com a gestão da pandemia pelo governo federal. Outro importante detalhe é que a maior parte das guardas municipais não são armadas.

8. Fracasso das manifestações comemorativas ao golpe de 1964: Poucas pessoas se aventuraram ir ás ruas comemorar o aniversário da ditadura militar. Vimos até mesmo notas dos conselhos universitários de grandes universidades contrárias a tais comemorações. Isso só mostra que o necessário apoio a um golpe de estado, mesmo entre a trupe bolsonarista, não é consenso, devemos nos lembrar que esse eleitorado não é estático, muitos que o apoiam votaram em Lula e Dilma, e estão com ele, em especial pelo fetichismo do auxílio emergencial, que foi muito bem trabalhado por suas redes de robôs.

9. O jogo de Bolsonaro é sempre no ataque: mesmo sem saber que tem condições de dar um golpe, o presidente dá indícios e joga para a plateia, pautando o debate e tirando o foco de sua péssima gestão da pandemia. Na verdade, é tudo uma grande estratégia de comunicação para buscar pautar o debate e tentar estar por cima da carne seca. Nos últimos anos esta estratégia funcionou bem, atualmente parece começar a dar sinais que está se esgotando, precisamos saber se ele será capaz de se reinventar.

Assim, a tarefa imediata é seguirmos lutando por vida, pão, saúde e educação, não devemos perder tempo com debates que buscam apenas tirar o foco do mais importante. E, principalmente, seguir na ordem do dia com o impeachment de Bolsonaro, o maior responsável por todo o caos que vivemos e pelas mais de 300 mil vidas que perdemos!

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
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