Trapaças da conexão digital

Tudo fica pela metade, ou nem isso. E é uma chatice ler os avisos de que algo de errado acontece com a nossa conexão. O jeito é aguardar segunda-feira

Foto: Ketut Subiyanto/Pexels

Longe de mim subestimar as imensas vantagens da comunicação via internet. Sob todos os aspectos.

Delas sou beneficiário cotidiano. 

Quando algo não funciona bem, até como gesto de gratidão deveria ter a paciência que não tenho.

Irrito-me.

Tomo como desastre horrível um pequeno acidente.

Como nesses primeiros dias do ano, ainda dedicados ao breve descanso, na praia onde estamos justamente o meu smartphone não conecta satisfatoriamente a internet.

Nem o laptop.

O wi-fi gentilmente cedido pelo vizinho serve bem a todos, menos a mim.

“Pode ser a antena do seu celular”, observa meu genro que entende do assunto.

Ligações são interrompidas sem se saber como e porquê.

Pelo WhatsApp é quase impossível uma troca de mensagens.

Estranhamente ainda dá para me comunicar pelo direct do Instagram. 

De uma parte, reconheço, o acidente até que me ajuda a controlar o impulso da comunicação com os que estão na labuta para tentar resolver assuntos que poderão ficar para segunda-feira.

Porém há sempre a necessidade de um contato, ainda que breve, com militantes empenhados em tarefas urgentes.

Ou a busca de uma informação mais detalhada acerca de uma notícia de destaque na cena política.

Mas tudo fica pela metade, ou nem isso.

E é uma chatice ler os avisos de que algo de errado acontece com a nossa conexão.

O jeito é aguardar segunda-feira para retomar plenamente as atividades que, múltiplas e exigentes, me reconduzirão ao ritmo alucinante de sempre.

Alguém diz aqui: “Só assim você descansa de verdade.”

Pode ser.

Como diz o velho ditado popular, araruta tem seu dia de mingau.

Com internet precária, tirante a irritação natural de quem está habituado a resolver as coisas em tempo real, assim tive meus dias de literatura, música, boa conversa e descanso na rede da varanda…

Menos mal.

Como diria o poeta Caucaso, “são as desgraças da sorte, são as traças da paixão”, traduzidas nas trapaças da comunicação digital.

As opiniões expostas neste artigo não refletem necessariamente a opinião do Portal Vermelho
Autor