UNE 70 anos a favor do Brasil e do mundo

Nas vésperas de completar sete décadas de existência, a UNE se consolida como uma das entidades estudantis mais reconhecidas e influentes em todo mundo, fruto de seu pensamento e trabalho internacionalista. É fundamental conhecer e valorizar essa história

A trajetória da UNE é distinguida por variadas ações de solidariedade às lutas estudantis por todo o planeta e outras causas internacionais mais amplas envolvendo distintos agentes sociais do campo democrático e popular. Foi assim, por exemplo, na campanha pelo rompimento diplomático do Brasil com a Alemanha Nazista e pela formação da Força Expedicionária Brasileira para combater ao lado dos aliados na 2º Guerra Mundial; na indeclinável defesa dos ideais defendidos pela revolução cubana e sua educação humanista (organizando vários eventos em solidariedade à “ilha rebelde” ao longo dos anos); na contumaz oposição ao envio de tropas brasileiras à São Domingos, na República Dominicana; na condenação à Guerra do Vietnã (1964-1975); na adesão à causa palestina (inclusive com o presidente da  UNE em 1979, Aldo Rebelo, sendo recebido por Yasser Arafat); no apoio à revolução Sandinista e na denúncia do financiamento assassino dos Estados Unidos aos Contra (a solidariedade da UNE foi reconhecida pelo presidente Daniel Ortega, em recente visita feita à sede da OCLAE em Cuba, um mês antes de ser eleito); nas manifestações contra a lei dos estrangeiros, aprovada no governo Figueiredo; entre tantas outras importantes iniciativas que balizam a UNE como uma destacada força estudantil internacionalista.


 


 


E nos dias atuais a UNE prossegue fazendo jus ao seu passado e se projeta ainda mais como uma das entidades estudantis mais combativas do planeta, continuando, sem contra-senso, com a sua atuação voltada a questões específicas em torno da educação até temas gerais em defesa da paz, da democracia, pela integração dos povos e nações e contra o imperialismo.


 



 
Exemplo recente desse destacado protagonismo foi o fato de a UNE ter sido a organizadora dos últimos Encontros Internacionais de Estudantes nas edições passadas do Fórum Social Mundial, representando a Organização Continental Latino Americana e Caribenha de Estudantes (OCLAE), logrando reunir diversas organizações congêneres de vários países em torno de uma agenda comum, traduzida em um manifesto unitário mundial. É esse acúmulo que permite que a UNE também represente a juventude e os estudantes em âmbito mundial, em nome da OCLAE, nas reuniões do Comitê Internacional (CI) e do Conselho Hemisférico (CH) do Fórum Social Mundial, da Aliança Social Continental, da Assembléia Mundial dos Movimentos Sociais e outros importantes fóruns e espaços aos quais vem sendo ocupado com muita propriedade, legitimando a entidade como a porta-voz de milhões de estudantes de todos os continentes.


 


 


Mas essa posição não é fortuita ou tampouco casual. Foi conquistada através de muito empenho, participando de todas as lutas, eventos e atividades mais importantes, sempre intervindo a favor da educação como ferramenta estratégica para uma integração regional soberana, instrumento fundamental no combate às graves assimetrias entre os países. É o que se constata, para citar apenas o último ano na América Latina, na notada participação da UNE na Cúpula Social pela Integração dos Povos em Cochabamba, na Cúpula Continental dos Povos Indígenas na Guatemala e no Encontro Internacional contra os Tratados de Livre Comércio em Cuba.


 



 
No que diz respeito estritamente ao movimento estudantil latino-americano na atualidade, a UNE respalda firmemente a mais recente luta dos estudantes colombianos que estão sendo assassinados por grupos paramilitares e perseguidos pelo governo Uribe, clama juntamente com os estudantes cubanos a libertação dos cinco anti-terroristas presos pelo império estadunidense e apóia a luta pela democratização dos meios de comunicação liderada por organizações estudantis da Venezuela. Também o recente “Fora Bush” não ficou restrito ao Brasil – onde a UNE mobilizou a juventude em atos de protestos por todas as regiões do país -, pelo contrário, foi externado o apoio a entidades em todos os países onde o presidente dos Estados Unidos visitou, como a FEUU do Uruguai, ACEU da Colômbia, AEU da Guatemala e as organizações estudantis mexicanas.


 


 


Por essa intensa atuação, a UNE representa toda a América do Sul na OCLAE, compondo seu Secretariado Executivo juntamente com mais duas outras históricas entidades: a União Nacional dos Estudantes da Nicarágua (UNEN) e a Federação Estudantil Universitária de Cuba (FEU), responsáveis por América Central e Caribe, respectivamente.


 



 
Pelo mundo afora a UNE é reconhecida pela intransigente defesa da educação pública e gratuita, livre dos acordos comerciais – que visam sua mercantilização e a coloca sujeita à lógica do mercado em esfera global. Nessa batalha, esteve presente nas duas últimas Conferências Mundiais de Educação promovida pela UNESCO em Paris em 1998 e 2003, demarcando com setores conservadores, peitando na tribuna, juntamente com aliados como o Grupo Montevidéu, representantes dos Estados Unidos – de volta a essa organização onde defendem os interesses do Banco Mundial e da Organização Mundial do Comércio.


 


 


Diante a tudo isso a opinião da UNE é cada vez mais respeitada e suas posições servem como referência para muitas organizações que de igual modo trabalham pela unidade do movimento social em nível mundial. Não à toa entidades estudantis irmãs se mantêm firmes em prol do fortalecimento do Mercosul – com a UNE participando de todos os fóruns sociais paralelos aos encontros dos presidentes –, da Comunidade Sul-Americana de Nações (CASA) – hoje UNASUL – e da Alternativa Bolivariana das Américas (ALBA) como instrumentos estratégicos de integração econômica, social, política e cultural dos países da região, em contraponto às políticas unilaterais com os Estados Unidos.


 


 


A atuação interna e cotidiana é comum a todas as organizações estudantis em todo o mundo. O mérito da UNE tem sido o de, ao longo dos anos, sempre procurar aliados para travar a luta contra o inimigo maior de nossa época em escala global: o imperialismo.


 


 


O 50° Congresso da UNE é o momento de reafirmar tudo isso e podemos afiançar, sem medo de errar, que se trata de um dos eventos sociais mais importantes de todo o planeta, figurando na agenda internacional dos movimentos e redes. E é nessa ocasião que mais uma vez, milhares de estudantes vão ratificar ao Brasil e ao mundo que um filho seu não foge à luta.

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