Violência Policial

O 10° Anuário de Segurança Pública aponta que, diariamente, nove pessoas morrem em intervenções policiais no Brasil. Segundo a Anistia Internacional, a polícia brasileira é a que mais mata no mundo, sendo responsável por 15,6% dos homicídios registrados no país em 2014. O relatório da organização também indica que, em geral, são homicídios de pessoas já rendidas, que foram feridas ou alvejadas sem oportunidade de defesa. E o perfil das vítimas é majoritariamente o mesmo: homens negros.

Recentemente, acompanhamos o caso de cinco garotos da Zona Leste de São Paulo que ficaram desaparecidos por semanas. No início de novembro, seus corpos foram encontrados alvejados, decapitados e com sinais de tortura. Agora, também já se sabe que o crime foi planejado e executado por um guarda metropolitano da região.

Podemos citar as recorrentes chacinas na Grande São Paulo com envolvimento de agentes de segurança. Em agosto de 2015, 23 pessoas foram mortas em Osasco, Barueri, Itapevi e Carapicuíba. Em março do mesmo ano, oito homens foram assassinados na sede da torcida organizada Pavilhão 9 (Corinthians). Mas também podemos voltar para 1992 e falar sobre o massacre do Carandiru, que vitimou 111 detentos.

Existe um problema evidente de truculência e abuso de poder policial, que tem avançado por décadas no Brasil. Não se trata de defender criminosos, mas de admitir que o problema está intimamente ligado à questão racial e socioeconômica.

A morte do filho de Tati Quebra Barraco deve continuar ganhando atenção nos próximos dias, devido ao status de celebridade da cantora. Que a sua dor possa ao menos servir de alerta vermelho para todos os brasileiros: combater violência com violência não pode mais ser uma política de Estado.