Virada Policial

Sai do meu barraco de manha, para ir a um encontro na Unip Vergueiro, mas bem à tarde fui pro vale do Anhangabaú andar de skate e participar da Virada Cultural no sábado, a cidade de são Paulo estava uma temperatura da hora, um sol bem loco…

Logo na tarde, no vale do Anhangabaú, cheio de gente, mendigos, skatistas, senhoras e senhores assistindo espetáculo de dança, no palco montado na tradicional praça de skate, conhecida por todos os skatistas do mundo inteiro, o vale do anhagabau.


 


A gente estava ali andando de skate nas bordas da praça, nisso eu estava andando e fui mandar uma manobra no skate, o skate espirrou em direção de uma senhora, Pa, pegou nela o skate, mais foi sem maldade nenhuma.


 


A senhora já veio em minha direção dizendo:
– Será que não da pra vocês andarem mais pra lá, vocês não respeitam a apresentação de Ballet!


 


Nisso tinha uma viatura bem do lado, a senhora foi falar com os policiais.
Não teve jeito fomos convidados a nos retirar da li, com toda aquela educação que eles têm.


 


A virada Cultural tinha começado pra mim


Resolvemos subir pra praça da se, aonde seria o ponto principal das atividades de massa da virada cultural, um evento gigantesco que a estrutura na verdade não atendeu o publico esperado.


 


Jovens de todas as tribos, adultos, senhores e senhoras, faziam parte do evento, bares lotados, lotado de policia, guardas municipais, eu nunca vi na minha vida, o centro de são Paulo tão lotado assim.


 


Ao chegarmos na praça da se, estávamos em uns dez skatistas, todos profissionais, logo de cara uns quatro policiais com as armas apontadas pra nos, o cara já foi dizendo:
Encosta ai caralio, vai logo fera:
– Já chegou mais três motos, prontos já estava rolando o enquadro.


 


O policia da moto, chegou do meu lado e disse:
-Ai já vou falar direto aqui, se você já não falar que ta com as drogas aqui, o Chicote vai estralar heimm…vai fala logo.


 


Nisso fiquei quieto, já veio falar de novo:
– Quer tomar um tapa na cara? Entrega logo, fala logo, se eu achar um negocinho de maconha, qualquer coisa, você vai assinar e na delegacia vou te quebrar de porrada.


 


Eu respondi:
– Eu não tenho nada.
– O cara ficou puto, estou perguntado deles ou você não ouve?


 


Eu respondi:
– Eu respondo por mim, eu não tenho nada.


 


Ele chamou o outro camarada meu o Anjinho e disse pro mano:
– Ai, o mano ali falou que ta com você as parangas de maconha chiem.
– E foi essa canseira mais de uma hora, fez a gente tirar o tênis, meu, escroto total por parte da corporação que se diz ser segurança do estado.


 


Cada um foi pra um canto e resolvi ficar ali sozinho vendo o show do Alceu Valença.


Pensando varias fitas, olhando a praça enchendo de gente cada minuto que passava, uma senhora pegando latinha na praça, r ali sozinho vendo o show do Alceu, estilo bem humilde, via no olho dela que era uma senhora correria e de muito sofrimento.


 


O Alceu cantava:
Morena tropicana eu quero teu amor
 



A senhora a senhora cantava junto numa felicidade muito grande, ela aparentava ser mais uma nordestina matando a saudade escutando o Alceu Valença cantar a musica.


 


Lembrei do bantu, que era saudade das origens e a cultura africana que os negros, na colonização aqui no Brasil, sentiam quando chegaram aqui no Brasil, em um  regime de escravidão, os negros foram dividos, pela língua, família e parentesco nas senzalas.


 


Muitos sentiam o bantu, que e a saudades da terra sua de origem, da sua cultura, que concerteza foi o mesmo que a senhora sentia ali ao cantar a musica do Alceu sentiu.
Foi muito loco pode presenciar isso, que fora da integração muito grande de milhares de pessoas, na praça estava acontecendo  isso de bom.


 


A noite foi chegando e a praça chegando mais gente para ver os show do Nação Zumbi e o mais esperado pela massa o do Racionais Mc's.


 


A praça tinha mais de cinqüenta mil pessoas, o som em baixo da praça não chegava, mais mesmo assim o show dos pernambucanos nação zumbi foi muito loco.


 


Na madrugada as 4 da manha o show mais esperado o Racionais, o show começa com o som artigo 157, o negocio parecia final de copa do mundo, a massa cantando a musica gente de tudo que era jeito pulando  e se divertindo no show.


 


Estava tudo muito bem, quando começa a pancadaria do meu lado, o chicote começou a estralar, a policia jogando bombas, dando tiros, cacetadas com cassetes na galera, a gente sai correndo porque o molho azedou mesmo.


 


O Racionais ainda pediu pra que a policia cai-se fora, para a festa continuar, mais não teve jeito, o pau começou a quebrar, descemos para o som eletrônico na 15 de novembro, dois minutinhos a policia ali estava acabando com a festa, chegavam jogando bombas para intimidar as pessoas, mesmo ali estando no recinto, à classe media alta e burguesa da capital.


 


Chegamos umas seis da manha no Vale do Anhangabaú, cinco minutos as bombas e correria no vale do Anhangabaú, bom finalmente, a policia do Jose Serra conseguiu acabar com a Virada cultural, transformando na Virada Policial, estava muito boa a programação e a integração cultural na maior cidade da América latina.


 


Mas na verdade, o governo do estado deu um tiro no pé, não tinham noção de que 50 mil pessoas estavam ali pra ver Racionais, nunca viram o centro com tanta gente da periferia, isso foi um teste ate pra eles, porque na verdade eles sabem que se o povo quiser meu amigo, o povo entope as ruas do centro da cidade, isso é um perigo pra eles, na verdade isso pra eles foi apenas um treinamento, enquanto isso milhares de pessoas que pagam impostos, tendo uma vez ao ano uma festa de graça para a população, receber essa truculência e a ditadura disfarçada do governo tucano do José Serra.



Isso na verdade,  é o reflexo de uma das Viradas Policiais, sob o comando da gestão do estado mínimo, terceirização da cultura e o descaso com a educação nesses últimos 13 anos.



 
 
Oráculo: Dirigente Nacional da Nação Musica Skatistas e Produtor.
 
Musicas Novas: www.myspace.com/manooraculo
Clipe na internet: www.youtube.com/manooraculo

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