Não me canso de comentar o estrondoso sucesso da 7ª Marcha do dia 6 de março, em Brasília.
O que me garantiu o acerto de minhas profecias no texto anterior foi a confiança que tenho nos companheiros, em seu agudo senso de mobilização, organização e unidade e na justeza e correção das reivindicações apresentadas em Brasília à sociedade e às autoridades.
Uma das provas da implicância da grande imprensa com o movimento sindical é dificuldade que tenho em selecionar uma reportagem, um artigo ou um comentário bem elaborado, justo e fundamentado quando o assunto é sindicato. São dois mundos (o da mídia e o sindical) que, infelizmente, não se tocam com simpatia.
Das onze bandeiras que as centrais sindicais unidas agitarão no dia 6 de março, em Brasília, apenas duas exigem uma realização rápida; serão atendidas ou não e ponto.
Agora que os rentistas e agiotas levaram uma segunda surra com o abaixamento das tarifas de energia elétrica (a primeira foi a queda dos juros e a ampliação vantajosa de créditos populares) é preciso que o movimento sindical extraia algumas lições deste confronto entre o produtivismo e o parasitismo financeiro.
Quando se diz que a conjuntura brasileira é favorável à luta dos trabalhadores e ao movimento sindical não se quer dizer que não há problemas a serem enfrentados; a boa conjuntura (apesar da crise mundial) garante as melhores condições para a luta.
Poucas palavras para o sentimento de consternação que nos assola quando a tragédia se abate sobre centenas de jovens e de um só golpe forte infelicita suas famílias, os amigos, todo o Brasil.
Para nós, os vivos, resta o sentimento de tristeza – mas não de impotência.
Um dos elementos que têm caracterizado a incerteza sobre os rumos imediatos da economia brasileira e é intangível, refere-se à capacidade de realizar investimentos e de tocar os negócios da classe empresarial. A expressão corrente, derivada de Lord Keynes, é a de “despertar o instinto animal do capitalista”.
Há muitas coisas a comemorar. Comemoro, por exemplo, os 70 anos do Sintetel (Sindicato dos Trabalhadores em Telecomunicações de São Paulo), ocasião para o lançamento do livro de sua história. Comemoro a recondução de Miguel Torres à presidência do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes (que faz 80 anos) em chapa única e unitária de experimentados dirigentes (com aumento expressivo da participação de companheiras e renovação com delegados sindicais).
O Sintepav da Bahia vem realizando um bom trabalho na representação dos trabalhadores da construção pesada no estado e o que faz é bem reportado em seu jornal “Via Expressa”.
Para o dirigente ou ativista sindical que quer participar da política há uma contradição entre dois preceitos constitucionais que são corretos: a exigência de filiação partidária para os candidatos a cargos eletivos e a representação, enquanto sindicato, de toda a categoria.
Dois grandes processos jurídicos deformaram a história brasileira e um terceiro ameaça fazer nela um grande mal.