Semana passada, Temer se reuniu, uma vez mais, com pastores das principais igrejas neopentecostais brasileiras para discutir o apoio da chamada bancada evangélica à aprovação da Reforma da Previdência.
Vivemos um período da história no mínimo curioso. Embora as instituições públicas tenham voltado a sofrer intensos ataques após o golpe parlamentar-jurídico-midiático, parte expressiva dos concursados públicos, principalmente do âmbito federal, está cada vez mais se achando a última bolacha do pacote.
Entre as várias crises pelas quais passa o Brasil, ganha destaque a civilizatória. Enquanto a grande mídia privada pinta um cenário de um país que renasce das cinzas após a Lava Jato, onde finalmente a “lei é para todos”, assistimos incrédulos à apologia de fascistas e extremistas de direita que diariamente manifestam à larga seus mais variados preconceitos de classe, minando os pilares básicos da democracia burguesa.
A constituição de uma Frente Ampla não permite seguidismo. Uma Frente, como o próprio nome insinua, aglutina várias correntes do pensamento que se propõem a estar na vanguarda, assumindo os bônus e os ônus que essa posição oferece.
Recordo-me como se fosse hoje. O primeiro operário era eleito presidente da República, representando amplos setores da esquerda e dos movimentos sociais, com enorme repercussão na mídia internacional e a discussão promovida pela imprensa privada brasileira era o plantio de flores vermelhas no jardim do Palácio da Alvorada, em alusão ao PT, cultivadas supostamente a pedido de Marisa Letícia.
Recebo pelo WhatsApp uma daquelas mensagens que instantaneamente nos leva à reflexão.
“Quod non Fecerunt Barbari Fecerunt Barberini” (O que não fizeram os bárbaros fizeram os Barberini).
Já se passaram 12 anos desde que um assessor de um deputado estadual do Partido dos Trabalhadores (PT) foi pego com cerca de cem mil dólares na cueca ao tentar embarcar em um aeroporto. E ainda hoje todos se lembram.
Há um sentimento quase irrefreável que impele amplos setores da esquerda brasileira a exigir a volta do povão às ruas como se ele tivesse de fato saído de casa na última década.
“Não se afobe, não
Que nada é pra já
O amor não tem pressa
Ele pode esperar em silêncio”
Futuros Amantes. Chico Buarque.
Por uma destas contradições típicas de uma sociedade de classes como a nossa, em uma economia diversificada e com o mundo do trabalho apresentando dinâmicas cada vez mais complexas e difusas, couberam aos governos Lula e Dilma, mais que quaisquer outros governos, impulsionar o protagonismo político da “aristocracia operária” a um patamar inédito na história de nosso país.
"Eu acredito é na rapaziada. Que segue em frente e segura o rojão. Eu ponho fé é na fé da moçada. Que não foge da fera, enfrenta o leão". Gonzaguinha.