Aconteceu poucas vezes. Inesquecíveis, todas. Ele nos levava de ônibus da Lagoa Seca, onde morávamos, até Ponta Negra, que na segunda metade dos anos cinquenta era uma praia distante. Numa parte íngreme havia um varal com calções e maiôs para aluguel, anunciados numa placa tosca, e um quadrilátero de palha para que o freguês trocasse a roupa.
Dela soubemos apenas que nasceu em Fortaleza, mudou-se para o Rio de Janeiro onde viveu a infância, a adolescência e o começo da juventude, e alterou períodos fora do país – não disse onde – com retornos intermitentes à terra natal. O sotaque carioca conserva. E o gosto por peças e símbolos orientais, que mistura com motivos nordestinos na decoração da pousada.
“A praça! A praça é do povo/Como o céu é do condor/É o antro onde a liberdade/Cria águas em seu calor – proclamou o poeta para exaltar a luta libertária dos pernambucanos.
No cais nada parecia se mover. Um ou outro ruído distante acentuava o silêncio na tarde modorrenta. Quedou-se em reminiscências. Olhos semicerrados, imagens se superpondo, ora embaralhadas, ora seqüenciadas – tempos alternados, tempo presente. Como se estivesse diante de um espelho, redescobrindo-se, revisitando a própria vida. Como se reencontrasse e se reconhecesse em cada traço do rosto, no olhar, no leve sorriso.
“Olhos nos olhos/quero ver o que você diz…”, canta Chico Buarque. O olhar “fala”, por isso incomoda tanto conversar com alguém que desvia o olhar – não inspira confiança, semeia a dúvida; e tanto agrada o diálogo com quem nos encara de frente – passa sinceridade.
A dualidade da orientação econômica do governo Lula – expressão, em grande medida da correlação de forças na sociedade e da composição política da ampla coalizão partidária que o sustenta – continua a produzir decisões contraditórias.
São recorrentes as denúncias de procedimentos ilícitos praticados por detentores de cargos públicos, muitas delas posteriormente comprovadas. A de agora, supostamente tendo como contraventor-líder o governador de Brasília José Roberto Arruda, do Democratas (DEM), ganha traços melodramáticos com a sucessiva exibição de imagens de vídeo comprometedoras.
A pergunta parece óbvia, mas não é. Isto num país cujas regras eleitorais induzem o eleitor a votar em indivíduos, e não em programas sustentados pelo partido a que pertence o candidato. “Não voto em partidos, voto em pessoas”, dizem muitos como que a afirmar uma postura superior. Daí a substituição, nas relações entre o detentor de mandato eletivo e o povo, de formas orgânicas por relações meramente pessoais, via de regra mediadas por favores ou prestação de serviços.
Nosso destino era Beijin, China, com breve escala em Lisboa. Tempo disponível para uma esticada até Serpa, pequena cidade pertencente ao distrito de Beja, no Alentejo, governada pelo Partido Comunista Português.
Tu vens de muito longe, há muito tempo, desde que te chamavam de Caapiuar-y-be. Vences barreiras, abres veredas – e chegas aqui qual amante que se aloja no leito da mulher amada: ora forte, exuberante; ora sinuoso, como que a contorcer-se preguiçoso e carente após tremenda peleja.
Uma notícia de jornal: seca, direta, objetiva – sem qualquer margem a emoções. Denunciada por vizinhos, teve a sua casa, num bairro periférico da Zona Norte do Recife, invadida por agentes da Delegacia do Meio Ambiente e do Centro de Vigilância Ambiental (CVA), que lhe subtraíram 40 cães, 11 gatos e três pássaros silvestres.
Faculdade Damas, Recife. Missão: debater com alunos e professores do curso de arquitetura e urbanismo o papel de arquitetos, engenheiros, advogados e técnicos de disciplinas afins na gestão urbana e ambiental da cidade.