Conforme análise acurada do economista marxista britânico Michael Roberts, a situação da economia global pode ser assim resumida: (i) novo impulso especulativo nas bolsas de valores, ao lado do crédito farto e barato; (ii) preços baixos da energia (petróleo);(iii) aumento do endividamento empresarial privado; (iv) desaceleração do crescimento econômico e queda dos investimentos e lucros. “Alguma coisa tem que acabar explodindo”, assevera ele.
O 31 de março Brasil a fora parece simbolizar ou convergir numa inflexão contra a marcha golpista instalada no país. Foi uma inesperada pancada na direita neoliberal e seus aliados. Um posicionamento claro, inclusive de repercussão internacional importante.
No horizonte do capitalismo de transfiguração neoliberal – assentado no estágio imperialista dos nossos dias – vê-se perigoso aprofundamento da desaceleração com nova recessão (na estagnação!) sendo muito provável. Sim, num capitalismo já “respirando por aparelhos”, espécie de morto-vivo. E a espalhar miasmas terríveis por toda a parte
“A situação está pior do que em 2007. Nossa munição macroeconômica para combater desacelerações (dowturns) no essencial já foi toda gasta” (William White, presidente da comissão de revisão da OCDE e ex-economista-chefe do Banco de Compensações Internacionais –BIS). [1]
“O problema crucial dos países subdesenvolvidos é o aumento considerável do investimento, não a fim de gerar uma demanda efetiva – como é o caso numa economia desenvolvida mas com subemprego –, mas para acelerar a expansão da capacidade produtiva indispensável para o rápido crescimento da renda nacional” (Kalecki, 1983).
Em última instância, encontra-se no centro do tabuleiro o projeto de liquidação do Brasil enquanto nação, na atual quadra histórica. É exatamente disto que trata a marcha golpista camuflada na tentativa do impeachment da Presidenta Dilma Rousseff. Passou-se a exigir-se a derrota de correntes políticas avançadas ou de caráter democrático-popular impulsionadoras da reconstrução desenvolvimentista, soberana e provedora de amplas melhorias sociais às massas populares.
“O mercado monetário é sempre, por assim dizer, o quartel general do sistema capitalista” (Schumpeter) [1].
O crédito é o julgamento que a Economia Política realiza sobre a moralidade de um homem. (…)[ele] calcula o valor monetário não em dinheiro, mas em carne e coração humanos” (Marx, “Cadernos de Paris, 1844). [1]
(III) Minsky e a derrota dos bancos centrais
Nos argumentos para essa série de artigos acerca das razões dos impasses extremos do capitalismo vivente da crise sistêmica atual, associamos também o da “decomposição da economia política neoclássica”.
A. Sérgio Barroso
Marx e o capital fictício
“Um otário vê exemplos isolados de aplicação de golpes virtuais…(…) Infelizmente, muitos de nós fomos otários – inclusive Arkeloff e eu”, R. Shiller, junto com Akerlof prêmio Nobel de economia [1]
Nessa série de cinco artigos retomaremos a discussão sobre a grande crise capitalista atual, incidências e horizontes. Buscando visualizar melhor o que consideramos seus impasses sistêmicos extremos.