Todos nós já sabíamos do uso, para efeito de propaganda política, da seleção brasileira de futebol. Sabíamos também da sua interferência até na escalação de jogadores, quando Médici impôs Dario ao time da Copa. E a consequente demissão do grande João Saldanha. Mas não sabíamos disto, com provas vivas, de excluir e perseguir geniais jogadores por motivo ideológico.
Nelson Rodrigues já havia escrito, com todo seu gênio e cinismo, que a seleção brasileira de futebol era “a pátria em calções e chuteiras, a dar rútilas botinadas, em todas as direções, como um centauro truculento”. Que cínico, nos dizíamos, que cínico e safado, praguejávamos, porque naquele ano de 1970 a distância e o distanciamento não eram possíveis.
Segundo notícia na imprensa, a opinião de alguns jovens é que a ditadura no Brasil foi coisa boa. Uma estudante de 18 anos teria declarado: "As pessoas dizem que era um tempo bom, que você podia ficar na frente de casa sem ser assaltado. As escolas eram tranquilas, hoje aluno bate em professor, as pessoas te roubam na sua casa….".
A partir da greve dos caminhoneiros, notícias e vídeos mostraram faixas com apelos bárbaros de intervenção militar. Diante da onda para a volta às trevas, houve historiadores e mestres que afirmaram ser a hora e a vez de outra intervenção: a do esclarecimento e aulas sobre o que foi e o que representou a ditadura brasileira. Cada um deve fazer o que pode para trazer luz nesta selva escura. Então começo uma série sobre aquele tempo, que o fascismo quer de volta.
É claro que na justa greve dos caminhoneiros a direita se infiltrou e tenta dirigir o movimento. Aí se incluem os representantes da categoria sem categoria. Isso quer dizer, patrões com ares de representantes de trabalhadores como novos pelegos, nunca jamais vistos tão despudorados diante das câmeras de tevê, entre nuvens de fumaça. “Fim da greve”, anunciaram governo e mídia do capital.
As notícias da semana atualizam a história que a direita quer ver esquecida. Os documentos da CIA, agora revisitados, falam que o ditador Ernesto Geisel ordenou a execução de presos políticos, além da morte com injeção de sacrificar cavalos em muitos. Em um deles está provado: José Montenegro Lima, conhecido como Magrão, foi sequestrado pela ditadura em setembro de 1975, levado para um centro clandestino de tortura e morto com uma injeção de matar cavalo. Depois, atiraram o seu corpo em um rio.
Assistimos ontem no Recife à pré-estreia de O Processo. O cinema São Luiz estava lotado, como em suas melhores noites, com todas idades e classes sociais. Estávamos jovens e muito jovens, maduros e muito maduros, a cantar e gritar várias bandeiras, das quais a mais unitária foi #LulaLivre.
Na longa noite do bar da Encruzilhada, sopramos o mundo e nele plantamos o nosso ânimo, a nossa alma conforme o desejo.
Esta semana, fui atraído para a leitura de um texto a partir do título. Lá em cima se escrevia: “Arte, literatura e ideologia”, de Juliana de Albuquerque. Pensei: “o que virá disso?”. Confesso que a esperança de ler um pensamento substancioso se misturava ao pessimismo do que poderia vir. Mas depois da leitura, apesar de haver perdido todas as esperanças, o resultado foi estimulante.
No currículo da juíza Carolina Lebos deveria constar a sua mais recente negação de visitas ao eterno presidente Lula. Dessa vez, a proibição foi para Leonardo Boff e Adolfo Pérez Esquivel, Prêmio Nobel da Paz. Segundo a advogada Tânia Mandarino, a juíza Lebbos teria respondido à solicitação de urgência para o Nobel da Paz: “problema do Esquivel se ele está só de passagem”.
Os cientistas, os pesquisadores sabem e provam que eles transmitem doenças aos humanos de qualquer país. Os ratos são animais que transmitem desde a leptospirose, gerada quando urinam, cujo contato provoca febre, dores, hemorragias e morte, até o hantavírus, que eles geram quando defecam e se propaga pelo ar. Essas são as mais simples e conhecidas doenças por eles transmitidas, mas há pelo menos mais de 200, das quais a mais grave para a vida ainda não se sabia no Brasil e no mundo civilizado.
Na quarta-feira desta semana, no ônibus ao meio-dia, eu tentava ler “Como funciona a ficção”, de James Wood. E seguia anotando, aos solavancos, trechos dos quais muito discordava, como este: