11 de Julho: o consciente e o organizado
A jornada de luta do último dia 11 foi mais um episódio da luta de classes no Brasil. Um grande […]
Publicado 14/07/2013 08:54
A jornada de luta do último dia 11 foi mais um episódio da luta de classes no Brasil. Um grande episódio. E faz parte dele a reação da mídia conservadora, que tenta comparar alhos com bugalhos para desacreditar aquelas ações e as centrais sindicais e movimento sociais que as promoveram.
Os editoriais deste sábado (13) dos dois jornalões hegemônicos de São Paulo e a cobertura feita pelo Jornal Nacional desta sexta-feira (12) passaram o recibo das pretensões conservadoras e seu esforço para desmerecer aquelas manifestações. Enquanto Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo tentam apregoar a derrota do sindicalismo e dos movimentos sociais, o jornal televisivo da famiglia Marinho retornou aos padrões costumeiros de uma cobertura que vê como criminosos os movimentos sociais, descritos abusivamente como “vândalos”; em junho, haviam sido designados pela expressão “manifestantes”.
É a volta do pega-trouxa costumeiro deste jornalismo feito não para esclarecer e informar, mas para fazer a cabeça das multidões em favor das retrogradas teses da direita. A distinção que faz é nítida: em junho, eram os “nossos”, parece dizer o diário televisivo da Rede Globo; no dia 11 de julho, foram os “deles”, adversários do conservadorismo e, nesta condição, merecedores de serem tratados como “vândalos”.
Esta avaliação conservadora é desrespeitosa com os manifestantes de junho e também de 11 de julho – ela revela o desprezo desta mídia pelo povo e pela expressão de sua vontade. Não quer ouvi-lo e muito menos atender a suas justas reivindicações. Mas sim usá-lo como massa de manobra para intenções políticas escusas. Desde junho – precisamente, desde o dia 17 de junho – a direita golpista e neoliberal viu reacenderem-se suas esperanças de derrotar o governo de centro-esquerda. Mas “o povo não é bobo”, diz o slogan acusatório contra a Rede Globo. A direita não pode avançar tanto quanto talvez pretendesse. Por isso trocou o sonhado golpe contra Dilma pela “tática do jagunço” usada contra Lula, em 2005: agora querem sangrar o governo com a pretensão de derrotá-lo na eleição de 2014.
Não deu certo na eleição de 2006 e não dará certo na sucessão de Dilma. A garantia disso pode ser vista nas manifestações de 11 de julho. Há entre estas e as “jornadas de junho” uma diferença considerável, que os jornalões, convenientemente para seus objetivos políticos conservadores, desprezam. Em junho prevaleceram manifestações “espontâneas” (as aspas se justificam pelo fato de que nem todas tiveram este caráter, mas foram conduzidas por entidades populares como a UNE, a UJS, partidos de esquerda e outras). Nelas, a mídia hegemônica destacou cartazes com confusas palavras de ordem que, ao exigir tudo, no fundo não sabiam bem o que queriam, a não ser manifestar um difuso mal-estar, prontamente apropriado pela direita como manifestação de um “novo” prontamente embalado pela velha e antiquada direita, pelo conservadorismo, e por sua mídia hegemônica.
Em 11 de julho o que se viu foi exatamente o contrário. As centrais sindicais e os movimentos sociais que estiveram à frente da manifestação exibiram (além do grande número de manifestantes, cuja conta final ainda não está consolidada) uma unidade de objetivos proverbial. Esta é uma diferença fundamental em relação às manifestações de junho. Havia comando centralizado para as ações (as nove centrais sindicais e os movimentos sociais) e havia um objetivo claro. Wagner Gomes, presidente da CTB, destacou, na avaliação do Dia Nacional de Luta, “a unidade demonstrada por todo o país”, que “nos dá mais força” e demonstra o sentimento dos trabalhadores e da população de que é preciso aprofundar as mudanças no Brasil.
Estes foram os pontos positivos que se destacaram no Dia Nacional de Luta: manifestações em todas as capitais e grandes cidades, com programa e comando unificados, como há nunca não se via no Brasil. As manifestações de 11 de julho atualizam o velho conhecimento dos trabalhadores segundo o qual o inconsciente e o espontâneo (as manifestações de junho) são uma antecipação do consciente e organizado (o Dia Nacional de Luta). As avaliações conservadoras e de sua mídia, que desprezam este aprendizado das massas, deixam de levar em conta a enorme repercussão que alcançam entre o povo e os trabalhadores acontecimentos organizados, dirigidos pelas entidades populares, em defesa de programas claros e objetivos, como foi o Dia Nacional de Luta, de 11 de julho.
Trata-se da luta de classes em seu desenvolvimento clássico. A direita e os conservadores tentam manipular os acontecimentos de massa, seja usando claramente a violência de provocadores, seja fazendo a apologia da “pureza” de movimentos à margem de partidos, sindicatos e entidades populares, seja tentando desqualificar a luta organizada. É o seu papel: quanto maior for a confusão que conseguirem espalhar, melhor para seus objetivos escusos, antipopulares e antidemocráticos. Foi o que se viu em sua tentativa de aparelhar as manifestações de junho.
Contra a direita e os conservadores, o povo e os trabalhadores, organizados, apresentam seus programas claros que exigem avanços na mudança social, defendem novos direitos sociais, políticos e econômicos. O dia 11 de julho de 2013 assistiu a uma manifestação consciente e organizada, em defesa de um programa avançado que representa a consolidação das conquistas já alcançadas e a obtenção de novas conquistas.
É isto o que a direita, os conservadores, e seus porta-vozes da mídia hegemônica tentam desqualificar e apresentar a vitória do movimento como se fosse uma derrota das centrais sindicais e dos movimentos sociais.