2 de outubro: mais amplitude para derrotar Bolsonaro

A sexta rodada de atos da Campanha Nacional #ForaBolsonaro, prevista para este sábado (2), reanima a luta pelo impeachment de Jair Bolsonaro, o pior presidente da República na história do Brasil. Até a noite desta quinta-feira (30), havia 260 manifestações confirmadas, em 251 cidades e 16 países. É possível que o número de protestos passe de 300, já que, a cada rodada, dezenas de atos são anunciados ou sistematizados apenas na véspera.

Mas a quantidade de ações não é, exatamente, o que interessa aos organizadores das manifestações por todo o País. Desde que a data de 2 de outubro foi consolidada para as novas mobilizações, já ficou claro que a prioridade era garantir representatividade, “furar a bolha”, apostar ainda mais na frente ampla. Nesse sentido, o 2OUT há de ser a mais expressiva das seis rodadas nacionais de atos contra Bolsonaro e pela democracia.

Veja-se pela manifestação da Avenida Paulista, em São Paulo, que se iniciará às 13 horas e terá caráter nacional. É esperada ali a participação de nomes que enfrentaram Bolsonaro nas eleições 2018, como os ex-presidenciáveis Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL), além de Manuela d’Ávila (PCdoB), que concorreu a vice-presidenta na chapa com Haddad. Ciro, por sinal, anunciou que irá igualmente ao ato no Rio de Janeiro. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também exortou os brasileiros a saírem às ruas para que Bolsonaro “seja interditado”.

A Paulista, porém, não será apenas “vermelha”. Muito além das forças de esquerda e centro-esquerda, o ato na capital paulista contará com representantes – parlamentares, dirigentes e lideranças – de ao menos 21 partidos, dos mais diversos campos político-ideológicos: Cidadania, DEM, MDB, Novo, PCB, PCdoB, PCO, PDT, PL, Podemos, PSB, PSD, PSDB, PSL, PSOL, PSTU, PT, PV, Rede, Solidariedade e UP. Como diretiva, os participantes são estimulados a valorizar o verde-amarelo.

As adesões são fundamentais não apenas para fortalecer a luta pelo impeachment – mas também para barrar projetos conservadores da gestão Bolsonaro que tramitam no Congresso. Segundo a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), os atos terão impacto “lá fora” (junto à opinião pública) e “aqui dentro” (no Congresso). Para se sensibilizar e tomar convicção sobe os desmazelos do governo, a sociedade precisa ter cada vez mais clareza dos retrocessos que o bolsonarismo tenta impor.

É o caso da Proposta de Emenda à Constituição 32/2020 (PEC 32), com a qual Bolsonaro trama uma reforma administrativa neoliberal, contrária aos interesses públicos. São necessários 308 votos para aprovar a medida na Câmara. Hoje, mesmo após cinco versões do texto, a PEC só tem o apoio de 262 deputados, conforme o observatório da Frente Parlamentar Mista do Serviço Público. “A reforma administrativa está com dificuldade. Nós precisamos ampliar nossa potência de votação aqui dentro”, resume Jandira.

A defesa da educação e da juventude sobressai para as entidades estudantis nacionais – ANPG (Associação Nacional de Pós-Graduandos), UNE (União Nacional dos Estudantes) e Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas). Já a batalha por emprego e renda, contra a carestia, ajuda a explicar a presença nos atos de todas as centrais sindicais (CUT, Força Sindical, UGT, CTB, NCST, CSB, CSP-Conlutas, Intersindical Central da Classe Trabalhadora, Intersindical Instrumento de Luta e Pública).

Porém, os organizadores ressaltam que a bandeira efetivamente comum – a pauta central das manifestações – é a defesa da democracia e do #ForaBolsonaro. Só com povo na rua, amplitude política e muita luta é que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pode aceitar um dos mais de 130 pedidos de impeachment do presidente da República.

Vem daí a preocupação do movimento sindical em ampliar ao máximo as manifestações. “As Centrais Sindicais apoiam a ampliação da diversidade de atores nas ruas”, afirmaram as entidades, em nota. “Nada é mais urgente do que impedir que Bolsonaro continue o seu desgoverno criminoso. Um governo responsável por grande parte das quase 600 mil mortes por Covid, pelo desemprego recorde, pela devastação ambiental, pela volta da inflação e da carestia. E que ameaça diariamente a nossa democracia e as nossas instituições, apesar de falsos recuos momentâneos e estratégicos que não enganam mais ninguém.”

Antes, portanto, da realização dos atos, já é possível dizer que a luta pelo #ForaBolsonaro avançou, à base do diálogo, da persistência e da flexibilidade tática pontual. Um símbolo desse avanço é a presidenta da UNE, Bruna Brelaz, que segue em busca de mais adesões à causa do impeachment, a despeito de ter sido criticada por setores sectários e míopes da esquerda. A jovem e impávida Bruna sabe o que está em jogo.

“Tenho costurado com diversas lideranças do movimento social e dos partidos, como Lula, Ciro Gomes, Fernando Henrique Cardoso, a formatação de um ambiente que seja capaz de lotar as ruas em uma agenda permanente de mobilização”, afirma a líder estudantil. “É hora de construir um grande levante com todos e todas, independentemente dos posicionamentos políticos, na defesa do Estado Democrático de Direitos.”