7 de setembro: a soberania nacional não aceita ultrajes

A construção da nação brasileira, independente e soberana, deu um passo de gigante há 191 anos, quando o país se separou de Portugal, evento histórico que se convencionou comemorar no dia 7 de setembro. 

Mas a construção da nação não seguiu uma linha reta, e a decisão tomada há quase dois séculos precisou, ao longo deste período, ser reiteradamente reafirmada e aprofundada.

Mesmo com a conquista da independência, sobreviveram e agiram poderosas forças no Brasil que, defendendo a independência política formal do país, durante muito tempo atuaram contra a completa soberania nacional e pela submissão ao colonialismo e, em nosso século, ao imperialismo.

Isso ocorreu mesmo no período republicano. A que atribuir senão a uma visão subalterna do Brasil a viagem de Campos Sales à Inglaterra, assim que foi eleito presidente da República, em 1898. O objetivo da viagem foi prestar contas aos credores do Brasil…

Como entender também a frase pronunciada pelo general presidente Castelo Branco, numa palestra em julho de 1964? Ele teve a audácia de dizer que “a independência é um valor terminal”, sendo preciso aceitar “um certo grau de interdependência, quer no campo militar, quer no econômico, quer no político”. O general exprimia, no começo da ditadura de 1964, a opção de subordinação aos EUA feita pelos golpistas.

Sempre houve setores importantes da elite dominante que, sendo aliados do colonialismo e do imperialismo, traíram o país e colocaram a nação em risco. O período neoliberal, cujo principal expoente foi Fernando Henrique Cardoso, é o exemplo mais recente desta opção pelo atraso e pela subalternidade. Foi uma época em que os governantes portavam-se vergonhosamente como autoridades coloniais, enxovalhando a soberania e prestando todas as honras a autoridades estrangeiras às quais se submetiam, cujos representantes vinham ao Brasil para dar ordens ao governo nacional, e isso era aceito!

Esta situação não acontece mais e o Brasil entrou naquele que, sendo o mais longo período democrático de sua história, é também o da mais intransigente defesa da soberania nacional. A reação da presidenta Dilma Rousseff após a revelação da espionagem promovida pelo governo dos EUA contra ela própria, a presidenta do Brasil, e também contra ministros, empresas e por aí vai, reafirma que o governo hoje tem respeito próprio e retoma completamente a soberania brasileira.

Foi apenas por uma coincidência que a crise provocada pela revelação da cara de pau do governo de Washington ocorreu às vésperas da comemoração da independência nacional. Mas foi uma coincidência providencial. Independência e soberania não se comemoram apenas com desfiles e festas mas, sobretudo, com ações. E a resposta do governo de Dilma Rousseff e do chanceler Luiz Alberto Figueiredo é uma homenagem efetiva à independência e um ato de soberania que não aceita ultrajes.