A irresponsabilidade de Bolsonaro ameaça vacinação no Brasil

Ilustração: The Intercept Brasil

Desde o domingo (17), quando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial de vacinas contra a Covid-19, a vacinação teve início em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal. Desde então uma justificada euforia se esparramou entre os brasileiros e brasileiras. A alegria, entretanto, agora cede lugar ao perigo real de que o processo possa ser interrompido ou siga em ritmo muito lento.

Por ser irresponsável, negligente e se dizer contra as vacinas, Bolsonaro determinou ao general Eduardo Pazuello, que se porta mais com ajudante de ordens do que como Ministro da Saúde, que assinasse contrato com apenas um fornecedor: o consórcio Astrazeneca- Oxford. Somente em dezembro passado, depois de enxovalhar a China, e encurralado pelo STF e pela pressão da opinião pública, o governo contratou a compra da CoronaVac, através do Instituto Butantan.

Ao contrário do Brasil, países como Reino Unido e Canadá, corretamente firmaram contrato com até 5 farmacêuticas. Estes e outros países mais previdentes agora podem vacinar suas populações em ritmo acelerado. O que é indispensável para conter a propagação da doença e evitar o colapso do sistema de saúde, como estamos vendo ocorrer no Brasil.

A empresa Pfizer, por exemplo, diz ter oferecido ao governo Bolsonaro um contrato de 70 milhões de doses em meados do ano passado. A proposta foi recusada por Pazuello sob argumento estúpido de que o país não teria como refrigerar as vacinas na temperatura exigida.

Um outro exemplo de descaso com a vida dos brasileiros são os continuados ataques de Bolsonaro, de integrantes de seu governo e de seu clã à vacina Coronavac, produzida no Brasil, por uma parceria do Instituto Butantan e a empresa chinesa Sinovac.

Bolsonaro e seu Ministro de Relações Exteriores deterioram ao máximo as relações diplomáticas entre o Brasil e a China. Estupidez que agora prejudica o Brasil e os brasileiros na tratativa de liberar os insumos para a produção das vacinas, produzidos na China, devido, também, a grande demanda que pressiona tanto a China quanto a Índia, maiores produtores mundiais, dos princípios ativos farmacêuticos para vacinas no mundo.

O certo é que o povo brasileiro, despertado pela largada à vacinação que foi dada, superando a sabotagem da terrível dupla, Bolsonaro-Pazuello, não abre mão de receber a vacina.

Pesquisa Ipesp-XP, divulgada nesta segunda-feira (18), aponta que 69% da população afirmam que com certeza irão tomar a vacina. Surgem também movimentos de frente ampla, como o Abrace a Vacina, que exigem um efetivo programa nacional de imunização gratuito por intermédio do SUS.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *