Bolsonarismo provoca crise com a China

Os ataques à China pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente da República e tido como porta-voz informal do clã palaciano, são mais um capítulo do festival de irresponsabilidade desse governo. Depois de o pai, Jair Bolsonaro, ter atacado o Poder Legislativo e o STF, agravando a instabilidade política do país, agora é a vez do filho.

Essa posição reflete a política de subordinação completa e unilateral do bolsonarismo ao governo norte-americano de Donaldo Trump. Ela reverbera as hostilidades da Casa Branca à China.

A gravidade do gesto ganha maior dimensão nesse momento em que o país deveria estar trabalhando, tanto internamente quanto na esfera das suas relações internacionais, por convergências na busca de somar forças para enfrentar esse momento dramático.

Nesse sentido, a China cumpre papel estratégico. Além de ser um parceiro comercial de grande importância, aquele país ocupa um posto importante na geografia política e econômica do mundo e tem sido o principal investidor estrangeiro no Brasil. O que menos o governo brasileiro precisa, nesse momento, é hostilizar um parceiro tão importante.

Mas, para clã Bolsonaro, nada disso tem importância. Tanto que o chanceler, Ernesto Araújo, emitiu nota apoiando a irresponsabilidade do filho do presidente e reforçando as suas críticas irresponsáveis. Em lugar de procurar apaziguar os ânimos e exercer a sua função diplomática, o ministro das Relações Exteriores tratou de oficializar as ofensas de Eduardo Bolsonaro.

Esse completo desvario ocorre em um momento em que a própria Organização Mundial do Comércio (OMS) reconhece os méritos da China no combate ao coronavírus e elogia as atitudes do seu governo para conter ao máximo a propagação da Covid-19. Além dos esforços interno, reconhecidamente competentes, o país tem desenvolvido ações de solidariedade internacional.

Diante da irresponsabilidade bolsonarista, foram corretas as posições dos presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AC). Também houve manifestações importantes de solidariedade ao governo e ao povo chinês por parte de parlamentares e partidos políticos, como o Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

A Frente Parlamentar Brasil-China, em nota assinada por seu presidente, Fausto Pinato (PP-S), também repudiou as declarações de Eduardo Bolsonaro. “Não cabe a um parlamentar alimentar teorias conspiratórias e, por conseguinte, colocar em xeque mais de 45 anos de amizade e parceria entre duas grandes nações que sempre se respeitaram”, enfatizou.