A recessão nos EUA e seus reflexos no Brasil
Agora não são somente os críticos do desastroso governo Bush que alertam. Até os economistas ortodoxos, ligados aos círculos financeiros, […]
Publicado 10/01/2008 16:44
Agora não são somente os críticos do desastroso governo Bush que alertam. Até os economistas ortodoxos, ligados aos círculos financeiros, prevêem que os EUA entrarão em recessão em 2008. Numa enquete publicada ontem, a agência de notícias Bloomberg constatou que a maioria dos analistas avalia que o PIB ianque sofrera retratação já neste primeiro trimestre. Goldman Sachs, Merrill Lynch e Morgan Stanley, poderosos grupos financeiros, também temem o pior, apesar das nuances nas análises entre os mais e os menos pessimistas – sem que haja nenhum otimista.
Motivos para temores não faltam, já que a situação da economia ianque é grave. Ela é totalmente parasitária, endividada, e está enferma há tempos. A crise imobiliária, no ano passado, foi apenas a ponta do iceberg, levando ao despejo milhares de pessoas. O dólar continua derretendo no mundo, abalando um dos pilares do império. O desemprego volta a bater recordes, atingindo 5% da população economicamente ativa em dezembro. As compras do Natal passado foram as piores dos últimos anos. O pessimismo toma conta dos estadunidenses!
Diante deste cenário sombrio, que aterroriza os donos do capital, quais os reflexos no restante do mundo? É certo que, mesmo combalida, a economia ianque ainda ocupa posição de destaque no planeta, funcionando como uma locomotiva. Caso entre realmente em recessão, toda a economia mundial será atingida – inclusive a brasileira. Um dos efeitos será a redução das importações, principalmente das dependentes commodities. Também poderá haver fuga de capitais, inclusive de investimentos diretos, e quebradeira de poderosas multinacionais.
Neste rumo, não cabe o excessivo otimismo de Henrique Meirelles, presidente do Banco Central, para quem o país está preparado para enfrentar as conseqüências da recessão nos EUA. “O Brasil está muito bem colocado hoje dentro do cenário internacional”. Melhor seria que os responsáveis pela política econômica já se debruçassem sobre medidas de defesa da economia nacional, como a adoção de mecanismos de controle do fluxo de capitais.
É certo que o Brasil hoje está menos vulnerável aos humores externos. Até setores críticos da política macroeconômica do governo reconhecem este avanço. O economista Paulo Nogueira Batista Jr., por exemplo, não acredita que a retração nos EUA paralisará o crescimento brasileiro. “A recessão americana teria que ser muito forte para produzir esse efeito… A menos que se instaure um cenário externo caótico, a economia brasileira continuará crescente. Mesmo que os EUA entrem em recessão”. De qualquer forma, é bom se prevenir!