A responsabilidade de Bolsonaro nas trágicas marcas da pandemia

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O presidente Jair Bolsonaro ignora e naturaliza as trágicas marcas de 5 milhões de pessoas infectadas pela Covid-19 e de 150 mil mortos. Enquanto as famílias enlutadas enfrentam a perda de entes queridos, o presidente se move unicamente obcecado pelo seu ambicioso projeto de reeleição. Faz da Presidência da República uma espécie de comitê de campanha antecipada, visando o pleito de 2022, ignorando os problemas da nação.

Essa atitude é deliberada, uma tentativa de ocultar o que não pode ser ocultado. Bolsonaro é o responsável por grande parte dessa tragédia humanitária. Desde o início da pandemia ele negou a gravidade do vírus, referindo-se a ele como “gripezinha”, e foi negligente, de forma criminosa, ao não adotar as medidas necessárias para proteger o povo. Fez campanha publica, em pronunciamentos oficiais no rádio e na TV, afrontando as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e das autoridades sanitárias locais, além de não socorrer a tempo os mais pobres e os induzirem à contaminação ao conclamá-los a irem para a rua “em busca do pão de cada dia”.

Fez tudo isso a pretexto de preservar a economia e os empregos. O resultado é um duplo fracasso. Em relação à pandemia, as marcas trágicas de contaminação e mortes, embora em linha de declínio, mantêm-se com tendências elevadas. O Ministério da Saúde segue inoperante nessa etapa em que pesquisadores e autoridades indicam a necessidade de testagem em massa e monitoramento para garantir o isolamento dos infectados. O governo segue omisso no que diz respeito a criação de condições de ajuda financeira para o período de quarentena.

O outro fracasso refere-se à demagogia criminosa de negar a gravidade da pandemia para salvar a economia. Não aconteceu nem uma coisa nem outra. A economia está numa grave recessão, com mais de 14 milhões de desempregados e mais de 700 mil empresas quebradas. Com a pandemia sem controle, a retomada da economia fica impossível.

Em vez de liderar uma ação nacional, em conjunto com estados e municípios para enfrentar a crise, Bolsonaro fere o pacto federativo ao atacar governadores que com muita dificuldade se emprenham para proteger a população. Para piorar a situação, o governo, depois de mitigar e atrasar o que o Congresso Nacional aprovou em termos de ajudas às pessoas sem rendas, às empresas mais vulneráveis e aos estados e municípios, quer reduzir o auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300.

Quando o país atinge essas marcas, que configuram uma verdadeira tragédia humanitária, é preciso que se diga, em alto e bom som, que o presidente Jair Bolsonaro terá que responder, mais cedo ou mais tarde, por sua negligência e por suas atitudes criminosas que com certeza contribuíram muitíssimo para que a nação brasileira perdessem tantas vidas.