Ao atacar Flávio Dino, Bolsonaro atira contra isolamento social

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No domingo (10), quando Brasil registrou a triste marca de mais de 11 mil mortos pela pandemia do coronavírus, o presidente da República, Jair Bolsonaro, zombou da situação dos familiares que sofriam com a perda de entes queridos. O escárnio se concretizou com acrobacias de jet ski no Lago Paranoá, em Brasília, depois de cancelar um churrasco macabro previsto para o sábado (9), diante da repulsa causada. Comportamento desumano, inteiramente distinto do Congresso Nacional, que decretou luto oficial em razão da tragédia que se abate sobre as famílias brasileiras.

A pantomima prosseguiu com as explicações contorcionistas sobre gastos vultosos do cartão corporativo da Presidência da República, por ele e seus familiares. Para completar, Bolsonaro foi às redes sociais fazer provocações contra o governador do estado do Maranhão, Flávio Dino.

O presidente não escolheu o alvo aleatoriamente. O governador maranhense, a exemplo de quase todos os demais, tem se desdobrado para cuidar das pessoas e salvar vidas. A política de isolamento social tem sido aplicada na intensidade necessária. E tão logo o Poder Judiciário determinou o lockdown (bloqueio total), o governador tratou de implementá-lo com firmeza e amplo diálogo com a população. O objetivo é conter a expansão do coronavírus e impedir o estrangulamento da rede pública de saúde

O governador Flávio Dino também se desvencilhou das armadilhas bolsonaristas importando respiradores e outros equipamento essenciais para socorrer as pessoas contaminadas pela Covid-19, além de construir hospitais de campanha para ajudar a desafogar o Sistema Único de Saúde (SUS).

No mesmo instante em que o presidente se divertia em Brasília, Flávio Dino assinava um decreto instituindo a requisição administrativa de vagas nos hospitais privado, mediante remuneração pelo Estado. Não se trata de confisco, como as maledicências bolsonaristas propagaram. A ideia converge para a proposta de criar uma fila única de modo a atender melhor os doentes , defendida por grande número de autoridades em saúde.

O governador maranhense também tem se desdobrado para suprir a omissão criminosa do governo federal no âmbito econômico. Sem providências para dar respostas às consequências da pandemia, as pessoas em situação mais vulnerável economicamente ficam expostas a atividades com alta probabilidade de contaminação.

O governo Bolsonaro simplesmente ignora o drama da população. Sua “solução” para a crise está limitada à aceleração da contaminação. Foi o que fez o presidente da República com a sua marcha da morte, rodeado de lobistas, até o Supremo Tribunal Federal (STF) para fazer chantagem a favor da quebra do isolamento social.

Foi uma ação que repetiu suas práticas mentirosas, falsas, que levarão à aceleração da escalada de mortes no país. E assim ele tenta encobrir sua inércia, sua irresponsabilidade. Não há, por parte do seu governo, nenhum sinal de mudança de rumo na política econômica, a exemplo do que fizeram outros governos, inclusive de orientação neoliberal. Bolsonaro não move uma palha para carrear investimentos públicos em infraestrutura, para socorrer empresas – sobretudo as micro, pequenas e médias –, garantindo emprego e salário aos trabalhadores.

Essa é a causa do ataque infame a Flávio Dino, que tem se destacado, além das questões locais, pela defesa do socorro aos estados e municípios, assim como da democracia, constantemente ameaçada por Bolsonaro. O presidente tenta lançar cortinas de fumaça sobre a sua inoperância, que está levando o país para uma grande tragédia nacional.