Aumenta a rejeição a Bolsonaro nas grandes cidades

A conduta irresponsável de Bolsonaro em relação à pandemia, ao desemprego recorde e à quebradeira de empresas, além do corte pela metade do auxílio emergencial, está devidamente refletida nas eleições municipais, de acordo com as pesquisas de intenções de voto. Tudo isso somado faz sua aprovação despencar em muitas regiões. O exemplo das maiores cidades do país – São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte – não deixa dúvidas; nelas, os candidatos bolsonaristas correm risco de não irem ao segundo turno.

Celso Russomanno e Marcelo Crivella, ambos do Partido Republicano Progressista (PRP), nas simulações de segundo turno seriam derrotados em São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente. Em Belo Horizonte, o candidato bolsonarista, Bruno Engler, do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), não passa de 4%. Em Fortaleza, a única capital em que extrema-direita ostenta bom índice de intenções de votos, o candidato Capitão Wagner, do Partido Republicano da Ordem Social (PROS), se esquiva de se assumir bolsonarista.

Se esquiva por um motivo, óbvio, o governo Bolsonaro é considerado ruim e péssimo  por 47% do eleitorado da capital cearense. Em Salvador, essa avalição negativa cresce para 65%. Já na cidade de São Paulo, esse mesmo índice é de 47% por cento, enquanto em Porto Alegre atinge 49%.

Se essa tendência que se aponta nas grandes cidades do país de rejeição à extrema direita se concretizar nas urnas em 15 de novembro, será um êxito importante das forças democráticas e progressistas. Além de desgastar ainda mais a imagem do bolsonarismo, já fortemente atingida pelos ventos que sopram das eleições dos Estados Unidos com a derrota do presidente Donald Trump nas eleições presidenciais, da vitória de Luis Arce na Bolívia e do êxito da mobilização popular por uma nova Constituição Chile, um novo horizonte para superação desse período de trevas pode ser descortinado.

Ou, dito de outra forma, a derrota de Bolsonaro nesse processo eleitoral criará uma oportunidade paras as forças progressistas encaminharem o país a um novo ciclo de desenvolvimento e progresso. O debate sobre a saída para a grave crise social, que tende a piorar à medida em que os efeitos da recessão econômica e da pandemia evoluírem, passa por essa importante decisão em âmbito municipal. O Brasil se aproxima de uma situação em que iniciativas estratégicas para uma redefinição do papel do Estado serão urgentes. Não é possível vislumbrar um enfrentamento com as consequências da crise do país sem essa redefinição.

Todo esse panorama está em jogo nas eleições que começam no próximo final de semana. Aos olhos do eleitorado, sobretudo dos grandes centros urbanos, vai ficando claro que a tragédia social e o desastre econômico que atormentam as cidades é de responsabilidade do governo Bolsonaro. Agora mesmo, no apagão de energia elétrica que atinge o Amapá se vê o desprezo do presidente ao sofrimento do povo. Nesta reta final das eleições, as candidaturas progressistas devem ao lado de apresentar saídas e alternativas aos problemas dos munícipios, desmascarar Bolsonaro e às candidaturas a ele vinculados nas cidades.

O argumento das forças democráticas e progressistas nessas eleições municipais tem enfatizado essa questão. E não poderia ser diferente. É na dimensão micro de uma sociedade – ou seja, nas cidades – que a vida das pessoas acontece. É lá que elas trabalham, perdem o emprego, tomam a decisão de votar neste ou naquele candidato. A desidratação do bolsonarismo nas principais cidades do país tem muito a ver com essa realidade.