Bolsonaro comete crime ao não pagar auxílio emergencial

Jair Bolsonaro e Paulo Guedes - Foto: Reprodução

A alegação do governo Bolsonaro de que a escassez de cédulas de dinheiro no país trava os pagamentos do auxílio emergencial a trabalhadores informais ou sem fonte de renda é mais uma ação perversa contra o povo. A promessa, feita no começo de abril, era fazer o repasse nos dias 27, 28, 29 e 30 do mesmo mês. Agora, anuncia-se uma nova data, com três semanas de atraso.

A falta de vontade de Bolsonaro para resolver esse problema simples revela, na verdade, sua intenção de apostar no caos social como saída política para o impasse em que seu governo se meteu. Ele quer passar a ideia de que a solução para o avanço da pobreza é o retorno ao trabalho normalmente, rompendo com a única forma eficiente de conter a propagação do coronavírus, o isolamento social.

Com essa atitude, Bolsonaro confronta-se com os governadores empenhados em dar conta da recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de muitos especialistas no assunto. Ao mesmo tempo, não toca no ponto econômico central do seu governo – o Estado amarrado à política fiscal conduzida pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, de não gastar um centavo em questões sociais e na infraestrutura do país.

Em razão dessa política excludente, 30 milhões trabalhadores não terão direito de receber o auxílio alimentação.

O Brasil tem condições de fazer ajustes voltados ao atendimento de necessidades emergenciais, como o auxílio aos que não têm fonte de renda e a compensação tributária de estados e municípios. A economia brasileira está entre as maiores do mundo e pode muito bem direcionar parte dos seus recursos para o atendimento às necessidades dos que enfrentam dificuldades, sobretudo as parcelas mais pobres da população e as micro, pequenas e médias empresas.

Uma das formas para esse redirecionamento, além do auxílio emergencial, é a emissão de moeda para socorrer empresas e trabalhadores, garantindo emprego e salário, fórmula adotada, por exemplo, pelo banco central dos Estados Unidos, que já emitiu aproximadamente US$ 2 trilhões, o equivalente a 10% do PIB do país.

É óbvio que Bolsonaro não vai recorrer a esses meios. Em nome dos dogmas seguidos por seu ministro da Economia, ele quer empurrar a massa de trabalhadores sem recursos para sobreviver de volta ao trabalho. E para isso ele precisa insistir em atacar seus alvos de sempre, especialmente os governadores que não seguem a sua política. Além de irresponsável, essa atitude chega a ser genocida.