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Bolsonaro dá apoio oficial aos golpistas

No sábado (7), o presidente Jair Bolsonaro, antes de embarcar para os Estados Unidos a fim de pactuar acordos lesivos […]

Bolsonaro

No sábado (7), o presidente Jair Bolsonaro, antes de embarcar para os Estados Unidos a fim de pactuar acordos lesivos aos interesses nacionais, fez um convite público para o ato contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF), agendado para 15 de março. Trata-se de um fato gravíssimo. Bolsonaro, entretanto, minimizou sua atitude. Irônico, disse que político com medo das ruas não merece ser político.

O presidente da República, como chefe do Poder Executivo, ao convocar um ato contra os poderes Legislativo e o Judiciário viola a Constituição. Em última análise, fere o decoro do cargo e comete crime de responsabilidade.

Bolsonaro age como se não precisasse prestar contas a ninguém, agredindo quem se interpõe em seu caminho e instando seus subordinados e distribuir pedradas em quem não aceita seus métodos autoritários de governo. As reações têm sido em certa medida contundentes, mas isso não contém a sua sanha antidemocrática.

O que fica comprovado é que ele tem um propósito bem definido, que passa pelas metas do seu governo na economia — uma verdadeira tragédia social, além de ser um atentado à soberania nacional — que se confrontam com a institucionalidade do país. Jamais um programa como esse seria aplicado num ambiente de debate democrático.

Bolsonaro, convicto de que pode fazer o que bem entende, à revelia da legalidade democrática, se dá ao desplante de zombar dos princípios que regem o equilíbrio entre os Poderes da República. Suas tiradas irônicas contra os que alertam sobre a gravidade das suas atitudes, como essa de incitar arruaças contra o Congresso e o STF, agravam a instabilidade política no país.

Essa verborragia autoritária do presidente não pode ser tomada como mera performance circense. Por trás da aparente encenação está um projeto de poder, arquitetado pela relações econômicas e políticas que regem o programa econômico do governo, tocado de maneira não menos truculenta pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

As visitas sucessivas de Bolsonaro ao governo dos Estados Unidos, com elogios efusivos ao presidente Donald Trump e ao seu modelo de gestão da política norte-americana interna e externa, revelam a sempre reafirmada carta branca que ele deu a Guedes. Este, por sua vez, apesar do palavreado empolado, nunca escondeu que sua meta é a fazer da economia brasileira um mero apêndice dos cânones de Wall Street.

Um eloquente exemplo é a sua reação às quedas bruscas das bolsas de valores, comportando-se como se o Brasil fosse uma ilha imune aos ventos do furação que começou a girar assim que surgiu o conflito entre a Rússia e a Arábia Saudita, no âmbito da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP). Segundo ele, fazer qualquer exercício para rever algum dos cânones que ele segue está fora de questão.

A verdade é que há um paralelo entre o avanço da crise e a ousadia autoritária puxada por Bolsonaro. Sem mudança de rumo, esse governo cada vez menos respeitará a democracia. O objetivo é testar o ponto em que uma ruptura com a institucionalidade pode ser organizada abertamente. Para que o país não chegue a essa trágica regressão, as forças da democracia e da defesa da nação devem agir energicamente para impedir os passos desse projeto autoritário.