Bolsonaro despreza os trabalhadores

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O recorde de desemprego, que chegou a 14,8 milhões de pessoas no primeiro trimestre e corresponde a 14,7% da força de trabalho, é mais um sintoma da tragédia social causada pelo governo Bolsonaro. São números inéditos desde a série iniciada em 2012. Comparados aos três meses finais de 2020, o acréscimo foi de 880 mil trabalhadores desempregados . As causas podem ser encontradas na negligência em relação à vacinação, decorrência, na essência, de uma política econômica que não leva em consideração, minimamente que seja, a situação do povo.

Num cenário de grave crise econômica global, os efeitos da pandemia deveriam ser tratados como prioridade absoluta. O governo Bolsonaro, sob orientação do ministro da Economia, Paulo Guedes, faz exatamente o contrário. Priorizou o “ajuste fiscal” e lançou uma imensa massa de brasileiros na rua da amargura, além de dar livre curso à propagação da pandemia. As consequências são óbvias, reveladas pelas cifras diárias de uma escalada de mortes e contaminações sem freio à vista.

A conclusão é inescapável. Para que o Brasil busque outro caminho, no rumo da superação dessa inominável tragédia social, é preciso reunir forças para conter a política insana de Bolsonaro e sua trupe. O desenvolvimento do país, ao contrário do que dizem os neoliberais, deve sim ser uma obsessão nacional. Sem um horizonte econômico claro, não há como destravar o país, com crescimento sustentado e o Estado em condições de financiá-lo de forma não-inflacionária e sem pressões externas.

A economia brasileira, combalida sobretudo pela gestão desastrosa de Bolsonaro e Guedes, está longe desse objetivo. Muito mais longe do que dizem os que pedem mais arrocho fiscal, mesmo à custa de menos produção e menos investimento público. Um país com tantas carências como o Brasil precisa de anos e anos de acentuado crescimento econômico. E só se consegue crescer por muito tempo com planejamento. E com debate democrático – ideia proscrita dos manuais da “ortodoxia” neoliberal.

Para Bolsonaro e Guedes, há, basicamente, duas medidas que o governo precisa adotar no campo econômico: mais reformas de arrocho fiscal – como a administrativa e a tributária – e privatizações selvagens, ancoradas na propaganda que tenta desqualificar as propostas desenvolvimentistas. Recentemente, Guedes pediu “coragem” aos aliados do governo no Congresso Nacional para enfrentar os partidos de esquerda e o movimento sindical – na vida real, os interesses dos trabalhadores e do povo. A resposta elementar é que essas forças devem se unir e reunir forças para enfrentá-los.