Bolsonaro joga mais peso nos ombros dos trabalhadores

Os trabalhadores devem pagar a conta da crise. Essa lógica do governo Bolsonaro fica bem demonstrada pelos dados de uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), mostrando que o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda pagou, até 17 de julho, um terço do total previsto para benefícios. Isso equivale a R$ 16,5 bilhões (32%) dos R$ 51,6 bilhões reservados em orçamento.

O objetivo do programa é complementar os ganhos de brasileiros que tiveram os contratos de trabalho suspensos ou os salários cortados, com redução de jornada. Criado em abril para ter vigência de três meses, a maior parte da sua verba não havia sido aplicada em meados do terceiro mês.

Há o fato de que a adesão do empresariado foi aquém do esperado, mas o fator principal para essa inépcia está no Ministério da Economia, que não implementou os mecanismos e as regras para que o benefício pudesse ser usufruído. Segundo o TCU, a Secretaria de Trabalho e a Dataprev (empresa de tecnologia de informações) não implementaram os meios necessários, provocando represamento dos casos de solicitações indeferidas, sem que os solicitantes pudessem reverter a situação.

Na verdade, esse descaso se deve à ação deliberada do governo de jogar a maior parte do peso da crise nos ombros dos trabalhadores. Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, nunca esconderam esse propósito, de resto uma das bases do programa de governo que vem da gestão golpista de Michel Temer. Desde aquele tempo, há uma verdadeira razia sobre os direitos trabalhistas.

Já no governo Bolsonaro ocorreu a “reforma” da Previdência e mais uma série de ações contra os direitos dos trabalhadores, instituídas por meio de medidas provisórias. Com o agravamento da crise econômica e a volta da recessão, houve a explosão do desemprego e mais uma vez o governo cruzou os braços. A chegada da pandemia do coronavírus fez a situação dos trabalhadores se transformar em tragédia social.

Essa é mais uma demonstração de que quando se trata de questões ligadas ao povo o governo Bolsonaro faz de tudo para enrolar, protelar e mitigar. Ocorreu o mesmo com o auxílio emergencial, a ajuda às micro, pequenas e médias empresas e o socorro aos estados e municípios. Nas pautas ligadas aos trabalhadores, houve um acintoso desrespeito ao Congresso Nacional, que abraçou propostas das centrais sindicais e dos trabalhadores.

Segundo prognósticos que circulam na mídia, a “reforma” tributária de Bolsonaro e Guedes quer tirar R$ 32 bilhões por ano dos trabalhadores com carteira assinada, porque pretende diminuir a contribuição patronal para o FGTS. Resumo da ópera: Bolsonaro dá sucessivas mostras de que seu governo é antipovo e está a serviço de banqueiros e de grandes econômicos.