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Campanha antivacina é crime contra a saúde pública

As posições do presidente da República, Jair Bolsonaro, em relação à Covid-19 guardam coerência com suas condutas irresponsáveis. Agora ele […]

Bolsonaro menosprezou pandemia - Foto: Adriano Machado/Reuters

As posições do presidente da República, Jair Bolsonaro, em relação à Covid-19 guardam coerência com suas condutas irresponsáveis. Agora ele usa à Presidência da República e o Ministério da Saúde para fazer campanha contra as vacinas. O que se pode deduzir dessa “linha de coerência” é que Bolsonaro não mede consequência para levar adiante o seu projeto de poder. No caso, ele acena abertamente para a sua mais consistente e reacionária base de apoio, como sempre se valendo de preconceitos e obscurantismos.

São muitos os exemplos que mostram sua estratégia de poder com base nessa “linha de coerência”. A busca de consensos, de pactos democráticos e de uma governabilidade voltada para as questões essenciais do país não faz parte do seu ideário. No enfrentamento à pandemia, ele sempre fez questão de impor o seu ponto de vista obscurantista, manipulando conceitos e sabotando medidas que poderiam amenizar consideravelmente o sofrimento do povo. O caso das vacinas é um clássico do gênero.

O Brasil, ao longo de décadas, criou, com o Sistema Único de Saúde (SUS), um dos maiores programas de imunização gratuita do mundo. O Ministério da Saúde, com sucessivas campanhas publicitárias, somadas ao trabalho de base dos profissionais do SUS, criou uma forte cultura na população sobre a necessidade e a eficácia das vacinas. Desse modo, a poliomielite, a varíola, entre outros enfermidades, foram erradicadas.

Todavia, o sarampo, que também fora erradicado, voltou a ocorrer devido à queda o índice de vacinação. Essa queda ocorreu no contexto de uma campanha cada vez mais exacerbada de fake news contra as vacinas. Agora, o ataque contra a ciência se agrava, posto que é disparado pelo próprio presidente da República.

Não se trata de um ataque abstrato às ciências. Na verdade, se configura um crime contra a saúde pública. Usar o dinheiro público e as instituições da República, como a Presidência e o Ministério da Saúde, para fazer campanha contra as vacinas, quando mais de 157 mil pessoas já morreram vítimas da maior pandemia dos últimos tempos, é um atentado à saúde do povo brasileiro.