Defesa da vida e da democracia exige um Brasil sem Bolsonaro

O Brasil ultrapassou a marca trágica de 60 mil mortes pela Covid-19. A ampla maioria dos infectados e das vítimas fatais é a parcela mais pobre da classe trabalhadora. E o principal responsável por essa tragédia se chama Jair Bolsonaro.

Nesta hora de consternação nacional, o presidente sequer expressa pesar. Ocupa-se integralmente em tentar livrar seus filhos e a si mesmo de uma réstia de acusações de corrupção, crimes cibernéticos e ataques ao Estado Democrático de Direito.

Milhares de mortes poderiam ter sido evitadas, caso o país não tivesse um irresponsável, um desqualificado, ocupando a Presidência da República, com práticas típicas de um genocida. Bolsonaro age completamente alheio a essa tragédia de imenso sofrimento, fazendo do posto que ocupa arma para os seus projetos pessoais, movido pela ideologia da extrema direita, totalmente contrária às verdadeiras necessidades do povo.

Bolsonaro também é o responsável pela inércia do Estado diante do agravamento da crise econômica, que com a pandemia ganhou dimensão catastrófica. A destruição de postos de trabalho, decorrente da quebradeira de empresas, tem como saldo enormes sacrifícios impostos aos trabalhadores.

O Brasil teria condições de enfrentar a pandemia de modo a impedir que ela ganhasse a proporção a que chegou. Para um país que ostenta a posição de estar entre as dez maiores economias do mundo, é inaceitável que diante da tragédia anunciada nada de concreto fosse feito no sentido de dotar a estrutura do Estado com recursos e diretrizes voltadas para as prioridades que a situação exige.

Como um genocida, Bolsonaro se dirigiu à nação orientando que todos se expusessem à contaminação, fazendo alegorias irresponsáveis – como no caso da “gripezinha” para definir o que seria a pandemia – e dando de ombros quando a curva ascendente de mortes ganhou proporção alarmante ao dizer que não fazia “milagres” e que nada podia impedir a propagação do vírus, além de estimular o desrespeito ao isolamento social quando mandou os que não têm renda buscar “o pão de cada dia”.

Mais ainda: cruzou os braços diante do agravamento da crise econômica decorrente da política criminosa do ministro da Economia, Paulo Guedes, e não moveu uma palha contra suas intenções de impedir qualquer ação emergencial para enfrentar as consequências da pandemia. Com essa conivência, muitos foram obrigados a se arriscar na busca do “pão de cada dia” e outros se veem diante de uma assombrosa perspectiva de fome e de desesperança.

São inaceitáveis as manobras para protelar o pagamento do auxílio emergencial aos mais pobres (que agora só o prorroga por mais dois meses, quando a necessidade exige que seja até dezembro) e o apoio aos estados e municípios, aprovados pelo Congresso Nacional – além do socorro às empresas micro, pequenas e médias.

Contrário a quase todos os países do mundo, o governo mantém a política deliberada de não abrir as portas do Estado para quem não é da ciranda financeira. O resultado são os números que mostram, cotidianamente, a trágica quantidade de mortos e de atingidos pela propagação desenfreada do vírus.

Essa cifra de mais de 60 mil vidas ceifadas representa dor e luto para milhares de famílias, numa dimensão incalculável. Algo que não pode ser mensurado. Lágrimas de um sofrimento sem tamanho. E que, se depender de Bolsonaro, continuarão. Os brasileiros e as brasileiras conscientes da gravidade da situação, as instituições da República e as entidades representativas da sociedade devem se levantar com indignação para pôr ponto final nesse governo.

O Congresso Nacional pode ser o desaguadouro dessa exigência nacional, adotando medidas necessárias para conter o avanço desenfreado de mortes. Muitas vidas ainda podem ser salvas. Bolsonaro já revelou que não tem condições de governar; cometeu crimes em relação à pandemia e contra a democracia. A realidade do país exige a consolidação da frente ampla de salvação nacional, de luta por um Brasil sem Bolsonaro na Presidência da República.

Mas, enquanto o país seguir sob esse pesadelo que se chama Bolsonaro, a frente ampla, em conjugação de esforços com as instituições da República, precisa, levando em conta o estágio da pandemia no país, adotar estratégias, medidas, que contenham a escalada de mortes e protejam o emprego, a renda e as pequenas empresas.