Derrotar o bolsonarismo a partir das cidades

Começou oficialmente a nona rodada de eleições municipais do período da redemocratização iniciado em 1985. Neste período, é a primeira vez que elas se realizam com um governo de extrema-direita. Outra singularidade é que ocorrem sob a maior pandemia dos últimos tempos.

Mais de meio milhão de candidaturas, nas ruas e nas redes, já estão em ritmo frenético, posto que vêm de uma pré-campanha que deu a largada no início do ano. Os números não são definitivos, mas, se confirmados todos os candidatos de 2020, o aumento será de 27% em relação às eleições de 2016, consequência da arbitrária proibição de coligação proporcional, o que obrigou cada legenda a compor sua chapa própria às câmaras municipais. Fato que impulsionou também o aumento do número de candidaturas às prefeituras.

Embora municipais, as eleições, sobretudo nas capitais e nos grandes e médios municípios, serão permeadas pelo confronto entre os campos políticos bolsonarista e oposicionista, o campo democrático, patriótico, popular e progressista.

As alianças amplas do campo democrático, salvo exceções, não foram possíveis no primeiro turno. Isso se deu sobretudo por necessidades das legendas, tendo em conta as imposições antidemocráticas da legislação. Em face disso, desde já se faz necessário condutas políticas que viabilizem a união do campo democrático, antiBolsonaro, no segundo turno.

Houve certo aprendizado quanto a importância da militância digital como necessidade para o exercício da cidadania. E desde o uso maciço e criminoso de fake news, em 2018, há um alerta geral para que isso seja combatido. Veremos, no concreto, se haverá algo de positivo no combate ao banditismo digital, especialidade inegável das falanges bolsonaristas.

Apesar da pandemia, e se espera com os cuidados sanitários devidos, a campanha presencial que já está acontecendo tende a se intensificar, conforme a realidade de cada município. No próximo dia 9 começa a campanha de rádio e TV que, em sinergia com as redes, segue tendo peso importante para a conquista do voto.

No seu todo, as eleições de 2020 são uma grande oportunidade para as forças democráticas e progressistas desmarcarem Bolsonaro, responsabilizando-o pela tragédia sanitária, econômica e social que se manifesta concretamente no território das cidades.

Ao mesmo tempo em que despertam a esperança do povo, apresentando plataformas que correspondam às necessidades e anseios da população – como emprego, renda, saúde, educação, moradia, cultura e esporte –, as campanhas devem empunhar a bandeira por cidades mais humanas e democráticas, baluartes da defesa da vida e da democracia, onde o povo tenha uma vida digna.