Desafios imediatos e estratégicos para conter o bolsonarismo

Foto: Sérgio Lima/Poder 360

Com um dos quadros mais graves da pandemia no mundo, o Brasil é considerado celeiro de variantes do coronavírus. A situação se agrava com o atraso na vacinação. À medida em que a pandemia se propaga, o vírus passa por mutações, o que exige mais recursos para combatê-lo. Além dessa consequência, há o impacto econômico, com empresas e negócios fechando, desemprego em disparada, agravamento da fome e da miséria.

Sabe-se perfeitamente que tudo isso é fruto da irresponsabilidade do governo Bolsonaro e da política de restrição fiscal comandada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes. Como não poderia ser diferente, o país enfrenta uma queda nos investimentos, além de outras consequências. A imagem do Brasil no exterior, por exemplo, está altamente negativa. Veículos da imprensa mundial – dentre eles, o jornal britânico The Guardian e norte-americano The Washington Post – situam o governo Bolsonaro como uma ameaça também para o mundo.

O povo brasileiro já manifesta essa percepção com mais clareza, como demonstram as pesquisas de opinião pública. Há um avanço do isolamento do bolsonarismo, o que exige da oposição ações cada vez mais firmes e unitárias no sentido de pôr um ponto final nesse pesadelo. As causas e as consequências dessa tragédia já estão suficientemente esclarecidas. Não há mais margem para dúvidas quanto às intenções de Bolsonaro e sobre o que ele representa da Presidência da República.

O desafio é encontrar o caminho para contê-lo. Cada dia com o Brasil sob a égide do bolsonarismo representa uma escalada de número trágicos, numa proporção assombrosa. Quando se fala em conter essa calamidade está se dizendo que os setores consequentes da sociedade têm o dever de agir unitariamente sobre questões imediatas, como a reforço das medidas protetivas de muitos governadores e prefeitos e a busca de meios para ampliar a escala da imunização, mas sobretudo da superação do projeto de poder do bolsonarismo.

O ponto central dessa grande luta política, com forte inflexão econômica, está na realidade atual. Será a partir das ações para enfrentá-la e modificá-la que surgirá o caminho para que se possa descortinar horizontes, sobretudo no que diz respeito à sucessão presidencial de 2022. A máquina bolsonarista está em movimento e suas nuances precisam de avaliações detidas e ações efetivas. Fala-se de um drama real, que ceifa vidas em grande escala e está destruindo a nação.

Trata-se de um desafio de grande envergadura, que exige concentração de forças condizentes com sua proporção. Não é possível falar em superação do bolsonarismo sem combater os seus efeitos imediatos, sobretudo nas áreas sanitária, econômica e institucional. Só essa variante exige um esforço gigantesco, à medida em que o presidente da República e seu entorno agem cotidianamente para sabotar governadores e prefeitos que buscam saídas efetivas para enfrentar o problema. Mas o desafio vai além – impõe como tarefa mais de fundo, de sentido estratégico, o fim desse governo genocida.