Eleger Baleia Rossi é derrotar Bolsonaro

A eleição da mesa da Câmara dos Deputados – principalmente a de seu presidente – é uma batalha de envergadura cujo resultado impactará fortemente a dinâmica da luta política em curso no país. A disputa, intensa, envolve nada menos que nove candidatos –  entre eles os com mais chances, Baleia Rossi (MDB/SP) e Artur Lira (PP/AL).

A forte disputa na Casa Legislativa, que ocorrerá nesta segunda-feira (1o.) decorre do conjunto de poderes que caberá ao eleito – principalmente a atribuição de dar ou não andamento aos pedidos de impeachment contra o presidente da República, Jair Bolsonaro – cujo número aumenta e já chegou a 63.

Está em jogo a independência e autonomia da Câmara dos Deputados como um dos poderes da República – e a capacidade de decidir livremente sobre o afastamento do presidente da República talvez seja a melhor prova dessa autonomia.

É esta capacidade que torna a eleição do presidente da Câmara particularmente sensível. Baleia Rossi tem como lema Democracia Viva e Câmara Livre, independente. Ele já declarou publicamente sua disposição de analisar os pedidos de impedimento de Bolsonaro. Se compromete, também, a instalar a CPI da Saúde para investigar a conduta do governo na crise sanitária da Covid-19, caso seja arregimentado o número necessário de assinaturas.

Em posição contrária, Arthur Lira – apoiado por Bolsonaro e representante do Centrão – aparece como o candidato da segurança do capitão presidente. Lira, se eleito, erguerá um muro de proteção a Bolsonaro e dará vazão à pauta reacionária, retrógada, da extrema-direita.

Bolsonaro, outra vez na prática da velha política oligárquica e clientelista, mergulhou fundo na disputa na Câmara, que tornou o balcão de negócios onde oferece a deputados cargos e liberação de verbas para barganhar por votos favoráveis a Artur Lira. Há indicações de que a nomeação de um novo ministro da Saúde está no páreo, além da recriação dos ministérios do Esporte, Cultura e Pesca, para premiar com seus cargos deputados favoráveis a ele.

Na outra ponta da disputa, está Baleia Rossi e aqueles que defendem a independência e harmonia entre os poderes. Como declarou a líder da Bancada comunista Perpétua Almeida (PCdoB-AC), a Câmara não pode ser um “puxadinho” do Palácio do Planalto. Precisa ser autônoma e independente; forte e soberana, defende o deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE).

A eleição que ocorrerá na Câmara será uma ocasião em que a frente ampla se expressa para derrotar Bolsonaro e seu desejo de controlar o parlamento.

Quando Montesquieu definiu, em 1748, em sua obra ”O Espírito das Leis”, a independência e harmonia entre os três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário), ele estava em luta contra o absolutismo das monarquias – que evolvia, como todos os poderes ditatoriais, aquelas atribuições na pessoa única do monarca.

Este é o sonho de todos os autoritários, candidatos a ditador- controlar os demais poderes. Ambição que Bolsonaro mantém e cuja realização persegue usando, para isso, os recursos que o Executivo controla, num verdadeiro acinte antidemocrático.

Com a nitidez do que está jogo, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) fez um chamado à reflexão dirigido aos demais partidos do campo da oposição, sobretudo legendas da esquerda, que insistem manter candidaturas próprias, solitárias, sem chance alguma, em vez de fortalecerem o candidato da Frente Câmara Livre, Baleia Rossi. Esse divisionismo, objetivamente, favorece o candidato de Bolsonaro.

A eleição na Câmara, chama a atenção a deputada Perpétua Almeida, não diz respeito apenas aos deputados, mas seu resultado afetará ao conjunto dos brasileiros e brasileiras. A jornada que se trava pelas bandeiras da vacina, do retorno do auxílio emergencial, da geração de empregos, bem como em defesa da democracia e do “ Fora Bolsonaro” será fortemente e negativamente impactada caso Bolsonaro eleja seu predileto.

Os eleitores e eleitoras podem, nestas horas que nos separam do grande confronto do dia 1o.  de fevereiro, dialogar, pressionar os parlamentares com os quais tem contato, no sentido de buscar votos que que assegurem a independência da Câmara dos Deputados, somente possível, no atual contexto, com a vitória do candidato da Frente Ampla deputado, federal Baleia Rossi.

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