Festa ''verde, tecnológica e popular'' em Beijing

Foi com a bandeira dos EUA manchada de sangue que o presidente estadunidense, George W. Bush, teve a cara de pau de criticar, na abertura dos Jogos Olímpicos de Beijing, o governo chinês por aquilo que considera desrespeitos aos direitos humanos cometidos no país.



Foi a nota que destoou numa festa que já ficou na história do esporte como a mais magnifica já realizada em uma cerimônia semelhante. A China fez uma festa para um mundo que, nas próximas semanas, vai se acostumar a ouvir a musicalidade do mandarim, o idioma falado pela imensa maioria dos chineses, ao acompanhar pela televisão a transmissão da disputa por 302 medalhas de ouro. São 11.500 atletas, de 205 comitês olímpicos nacionais, que vão fazer uma festa de paz e confraternidade. Uma festa verde, ''de alta tecnologia, do povo'', como disse Liu Qi, presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Beijing. A China realizou um ''lindo sonho'', disse, levando o espírito olímpico a ''uma nova dimensão na China''.


 


Liu Qi foi ouvido pelas 91.000 pessoas e 80 chefes de Estado que estavam presentes no Estádio Nacional, em Beijing (o já famoso ''Ninho do pássaro''). As mesmas 91.000 pessoas que aplaudiram com entusiasmo as delegações estrangeiras que desfilara na abertura, inclusive a dos EUA.


 


As manchas mais recentes da bandeira dos EUA são do sangue do mexicano José Medellín e do hondurenho Heliberto Chi, executados nesta semana em uma prisão no Texas, sob protesto de organizações internacionais de direitos humanos, como a Anistia Internacional, a Corte Internacional de Justiça de Haia, que é o principal órgão judiciário da ONU, do governo do México, e do próprio secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, que manifestaram seu repúdio contra a insensibilidade do governo dos EUA e contra o cerceamento do direito de defesa dos condenados.


 


Bush jogou palavras ao vento, prontamente respondidas pelo governo e pelo povo chineses, com as únicas vaias ouvidas durante a cerimônia de abertura dos jogos, dirigidas ao governante estadunidense.


 


No futuro, a Olimpíada de Beijing será lembrada não pela grosseria de Bush, mas pelo arrojo dos chineses que, desde 2001 – quando o país foi escolhido para sediar as Olimpíadas deste ano – demonstraram sua enorme capacidade de enfrentar esse desafio tão grande, organizar a maior olímpiada já realizada e acenar ao mundo com a busca pela paz e pela harmonia. E, com a retaguarda de mais de cinco mil anos, expor para o planeta o explendor de uma civilização antiga e, ao mesmo, tempo moderna e avançada.