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O Brasil não se cala, Bolsonaro!

O arroubo mais recente do presidente Jair Bolsonaro contra a imprensa, desta vez mandando jornalistas calarem a boca, é uma […]

O arroubo mais recente do presidente Jair Bolsonaro contra a imprensa, desta vez mandando jornalistas calarem a boca, é uma afronta ao Brasil. Ele demonstra, numa escalada de exaltação sem freios, que não tem o menor respeito pela histórica construção democrática dos brasileiros, que tem na liberdade de expressão um dos seus principais pilares.

É um comportamento que marcou a ditadura militar em pelo menos dois momentos: o “nada a declarar” do então ministro da Justiça Armando Falcão e o “cala a boca” do general Newton Cruz, ex-chefe do Serviço Nacional de Informações – o sinistro SNI – e então Comandante Militar do Planalto, ao agredir um jornalista quando comentava matérias sobre o estado de emergência decretado em Brasília para impedir manifestações em favor da aprovação das “Diretas Já”.

Cercear a imprensa, intimidar jornalistas e usar a violência como método de ofensiva política é comportamento típico de quem não tem nenhum apreço pela democracia, pela civilidade, pelos direitos do povo. Esse ataque deriva do fato de que a maioria dos veículos de comunicação, inclusive da grande mídia, adotam uma linha editorial de crítica à escalada autoritária do seu governo.

Além de atacar a imprensa, Bolsonaro empreende sistemática ofensiva contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF). Tem sido o principal animador de atos cotidianos que pregam golpe militar. Ele também nega, retarda e mitiga a ajuda aos governadores e prefeitos, tanto para enfraquecê-los quanto para provocar a debacle dos serviços públicos, criando um quadro caótico, fermento indispensável para aventuras golpistas.

Daí a importância que ganha a defesa da liberdade de expressão. Nesse caso, outra vez manifestou-se uma frente ampla de repúdio a Bolsonaro. E, de novo, a defesa da democracia se fez presentes nas múltiplas vozes que se pronunciaram contra mais essa agressão à civilidade.

Não se deve menosprezar o limite alegado pelo presidente para se manter em seu posto de algoz da democracia. Ele já disse ser a própria Constituição e invocou fantasmas golpistas do passado para fazer ameaças aos que lhe fazem oposição. Agora, reforçando essas proclamações bonapartistas, diz que vai fazer cumprir a Constituição, porque seu governo chegou “no limite”. “Não tem mais conversa”, vociferou.

São fatos que demonstram, cabalmente, a incapacidade de Bolsonaro de responder pela Presidência da República. Seus ataques às instituições se estendem a todos os direitos democráticos, inclusive à liberdade de expressão. Daí a formação sistemática de ampla unidade quando ele manifesta sua fúria golpista, uma tendência que vai se ampliando e se consolidando.